P.02-03 | EXCERTOS |

Tríduo carnavalesco

Plinio Corrêa de Oliveira

“Sob pretexto de cultuar a alegria, o carnaval trai a alegria”

Excertos do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado no “Legionário” de 28 de fevereiro de 1943, Nº 551, p. 2.

Certos escritores de meia tigela, que se querem dar ares de profundos, de psicólogos, de filósofos ou de qualquer outra coisa em que se lhes possam estatelar o pedantismo e a superficialidade, costumam afirmar que é durante a mascarada carnavalesca que o homem, “tirando a máscara dos preconceitos e das convenções sociais”, mostra a sua verdadeira fisionomia. E o ultra cediço chavão, o pretendido paradoxo encontra sempre, entre certas pessoas graves, o acolhimento devido aos grandes oráculos.

Ora, nós achamos exatamente o contrário. No carnaval, não só a humanidade não tira máscara alguma, antes, se aferra mais encarniçadamente à máscara que, nestes últimos tempos, não cessa de usar.

Assim, o carnaval não é um oásis, ou uma trégua; é um auge, um recrudescimento, crise delirante de um estado crônico. De fato, o carnaval moderno não passa de uma torpe falsificação, de uma reles intrujice, de uma atroz mistificação. Sob pretexto de cultuar a alegria, o carnaval trai a alegria.

Em verdade, que é a alegria carnavalesca? Embriaguez de álcool, embriaguez de éter, embriaguez de ritmo, em suma, a completa desordem do sistema nervoso, alucinação de pessoas que desejam fugir de si mesmas, porque em si mesmas morrerão de tédio ou de náusea.

Para uma humanidade falsificada, idiotizada, brutalizada, que detesta a sua alma e não quer contemplar a sua própria face, só mesmo uma alegria falsificada: o carnaval é inumano [...].

Desde que as calamidades são consequências dos pecados, façamos penitência e, muito especialmente, afastemos as causas dos pecados, a fim de que Deus se compadeça de nós.


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