P.18-19 | INTERNACIONAL |

Rússia e China no comando da América Latina?

Luis Dufaur

Presidentes latino-americanos de esquerda tentam uma perversa manobra para submeter o “continente da esperança” à escravidão russo-chinesa.

Em um solene discurso de prestação de contas no final de 2022, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, enunciou o plano de formar um só bloco com o Brasil, Argentina, Colômbia e demais países que tentam restaurar a confabulação bolivariana, um socialismo “rosa”, ou melhor, um comunismo camuflado — noticiou o jornal “La Nación”1, de Buenos Aires.

Quem comandaria essa fusão de muitas cabeças, que evoca alguma quimera do Apocalipse? Maduro disse escancaradamente: aqueles que ele julga nossos “irmãos mais velhos”, o ditador chinês Xi Jinping, e o russo, Vladimir Putin... Os dois já têm aplicado grandes recursos econômicos na infeliz Venezuela, inclusive com mercenários russos do “Grupo Wagner”.

Essa “nova frente progressista” que propôs “o criminoso Maduro criará na região, junto com seu ‘irmão’ cubano, o mundo que Putin sonha” lemos num tweet viralizado (Elisa Trotta Gamus (@EliTrotta)

No referido discurso, Maduro disse ter conversado por telefone sobre isso com Lula e com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e pessoalmente com o presidente colombiano Gustavo Petro. “Está chegando a hora especial para unir os caminhos da América Latina e do Caribe para a formação de um poderoso bloco político, econômico falando ao mundo”, explicou.

“Eixo do mal” na América Latina proposto por Maduro

Obviamente, esse “polo de poder” dependeria dos “irmãos mais velhos”, Xi Jinping e Putin. Maduro lembrou que “nosso irmão mais velho, o presidente Xi, fala” do projeto, acrescentando que seria “aquele mundo multipolar e multicêntrico de que fala nosso irmão mais velho, o presidente russo, Vladimir Putin” o ditador, poder-se-ia acrescentar, que invadiu a Ucrânia e massacra a sua população. Maduro se autopromoveu dizendo que “a Venezuela está na vanguarda da batalha pela construção desse mundo”. O presidente colombiano, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro, também se referiu ao tema.

A ocasião do primeiro ato do plano estava marcada: a reunião em Buenos Aires da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe), criada por Hugo Chávez e Lula da Silva em 2010, da qual os EUA e o Canadá estão excluídos. O recém empossado Lula compareceria, em sua primeira viagem internacional, e também se exibiriam o autocrata cubano Miguel Díaz-Canel, o ditador nicaraguense Daniel Ortega — responsável pelo assassinato de centenas de opositores e pela prisão de um bispo e de diversos sacerdotes —, o presidente do México e outras autoridades criptocomunistas. Maduro mandou “preparar o ambiente” para uma recepção gloriosa na capital platina. Com semanas de antecedência, enviou misteriosos aviões a serviço da Venezuela, um deles pilotado por Gholamreza Ghasemi, terrorista da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, associado pelo FBI ao Hezbollah, que ficou preso algumas semanas pela Justiça argentina com ordens de captura internacional2.

Ditadores fogem da Justiça

Maduro, entretanto, não pisou na Argentina, pois milhares de venezuelanos, cubanos e nicaraguenses exilados, organizações humanitárias e opositores do regime argentino, abriram denúncia diante da Justiça Penal contra ele, Díaz-Canel e Ortega, citando “numerosos informes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ou Human Rights Watch, que relatam a perseguição política a entidades civis e pessoas físicas” por parte dos três, informou “La Nación”3.

Patricia Bullrich4, presidente do partido Proposta Republicana, pediu a prisão de Maduro tão logo ele entrasse em território argentino, tendo em vista a ordem de captura emitida contra ele pela Administração de Controle de Drogas dos EUA (DEA) por narcotráfico

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