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Caminho Sinodal alemão, projeto de uma nova Igreja

Mathias von Gersdorff

O estabelecimento do Caminho Sinodal visava, de início, chegar a um acordo e prevenir futuros abusos sexuais no seio da Igreja Católica na Alemanha. Esta foi provavelmente a razão pela qual todos os bispos do país concordaram com este projeto, na assembleia plenária da Conferência Episcopal Alemã realizada em Lingen no primeiro semestre de 2019.

Contudo, durante a primeira assembleia sinodal, em janeiro/fevereiro de 2020, houve vozes que exprimiram claras objeções a tal projeto. O Caminho Sinodal, segundo os críticos, não era “apenas” uma superação da crise causada pelo abuso sexual, mas uma revisão abrangente da moral católica e da constituição hierárquica da Igreja, ou seja, das funções do governo eclesiástico. Em suma, uma revolução na Igreja.

Grupos feministas “católicos” cada vez mais numerosos pressionam o “caminho sinodal alemão” para que este rume na direção de suas metas mais radicais.

Com o tempo, esta crítica se tornou cada vez mais estridente e perplexitante. Foi ficando cada vez mais claro que muitos dos que estavam engajados no Caminho Sinodal queriam romper com elementos essenciais da Igreja Católica, mesmo com o risco de um cisma e do estabelecimento de uma igreja nacional alemã.

Apesar de todas as admoestações, vindas inclusive do Vaticano, os protagonistas do Caminho Sinodal – especialmente o corpo de diretores, formado pelo Presidente e Vice-Presidente da Conferência Episcopal Alemã, o Presidente e o Vice-Presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães – as ignoraram completamente e não se deixaram mover.

Devido à ampla oposição ao Caminho Sinodal, é difícil prever como ele prosseguirá. Será que seus impulsionadores irão bater a cabeça contra o muro? Será que vão escolher um longo processo de desconstrução da moral católica e da hierarquia eclesiástica? É difícil fazer previsões, mesmo porque o Caminho Sinodal não está em condições de se apresentar como um projeto apoiado pela grande massa dos católicos.

Freira usa máscara com as cores do movimento homossexual durante as reuniões do sínodo alemão.

Mas uma coisa é certa: o Caminho Sinodal permanecerá um tema na Igreja Católica Alemã por muito tempo, porque tal é a vontade expressa das forças que impulsionam esta revolução na Igreja, mesmo com o perigo de uma ruptura final com o Magistério Católico.

Importa, por isso, conhecer-lhe os principais fundamentos filosóficos e teológicos (ou erros), para um amplo debate público. Este é o objetivo do livro O Caminho Sinodal alemão e o projeto de uma nova Igreja, de Diego Panetta, que está sendo distribuído atualmente pela Sociedade Alemã de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – TFP.


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