P.42-43 | DISCERNINDO | (continuação)

Magistério da Igreja, tinham sido apresentadas àqueles jovens católicos.

Conceito distorcido de culto

Não devemos ajustar o culto simplesmente para que mais pessoas participem dele. Devemos cultuar, reverenciar Deus, e não os nossos próprios corações ou a nossa comunidade.

Não devemos nos surpreender. Diante do afundamento quase completo da cultura ocidental no subjetivismo e no relativismo, visões egocêntricas sobre culto impregnam as mentalidades e os ambientes. Eis a tentação que nos assalta: a religião e o culto devem atender aos meus anseios e aos meus caprichos. Caso não me “sinta bem” nesta ou naquela missa, vou procurar outra. E se até isso não me satisfaz, vou para “outra religião”!

E os progressistas infiltrados na Santa Igreja contribuem sobremaneira com essa visão distorcida do culto católico. Eles procuram nos convencer de que somos, individualmente, o padrão de todas as coisas. A mentira se alastra: algo só tem valor se eu assim o considero subjetivamente. Minhas emoções são o fim de tudo, até mesmo a adoração a Deus. Eis minha religião: a religião dos homens.

Corrigindo os conceitos

Quanto difere disso o que nos ensina o Magistério da Igreja! A que se refere o principal ato de culto da religião católica, a missa? Propriamente, ela é a renovação incruenta do Sacrifício do Calvário, onde o mesmo Jesus Cristo se imola. É aquele mesmo ato que se estende ao longo dos séculos até hoje. Aí vemos o culto real: Deus Filho que se oferece como Vítima expiatória a Deus Pai. A adoração perfeita e o culto perfeito. Quando unimos nossas intenções a essa imensa realidade, prestamos o verdadeiro culto. Teria eu o direito de pensar: “Não me sinto bem no Calvário, vendo Jesus morrer. Vou procurar outro lugar!”

Bem entendido, Nosso Senhor deseja sim um contato pessoal com cada um de nós. Numa visão na qual resplandecia seu Divino Amor, Ele disse à Irmã Josepha Menéndez: “Alma querida!”. E quando Santa Teresa d’Ávila, também numa visão, lhe disse: “Eu sou Teresa de Jesus”, Ele respondeu: “E Eu sou Jesus de Teresa”.

O que há de mais pessoal e íntimo do que a relação — estabelecida pela infinita Sabedoria de Deus — que todos nós devemos ter com nossa terníssima Mãe, Nossa Senhora? E quanto ao Santíssimo Sacramento? Jesus-Hóstia digna-se vir aos corações e Se deixa assimilar, misturando a sua Carne e o seu Sangue com a nossa carne e o nosso sangue. Como essas maravilhas se distanciam das falsas concepções de religião dos progressistas, repletas de caprichos e mal-entendidos!

Notemos, além do mais, que existem legítimas variações no culto católico, dependendo da região e do povo onde se insere. Aí estão os numerosos e esplêndidos ritos orientais que, apesar de manterem a essência do rito latino, possuem uma incrível capacidade de se adaptar a povos com temperamentos e psicologias diversas.

Acrescentem-se as sutis, porém significativas, alternâncias no rito católico em razão dos tempos litúrgicos. Elas conduzem as almas a diferentes tons e suaves variações ao longo do ano: desde a penitência e a contrição da Quaresma, até os esplendores magníficos da Ressurreição; desde as inefáveis alegrias do Natal, até as graves tristezas da Sexta-feira da Paixão. Tudo feito em função de Deus, em primeiro lugar. Mas que santificam e temperam os corações sem recorrer aos frenesis, aos egoísmos e às manias de novidade do mundo paganizado de nossos dias.


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