| S.O.S. FAMÍLIA |

As relações homossexuais e a batalha decisiva pelo casamento e pela família

José Antonio Ureta

Em fevereiro de 2008, o Cardeal Carlo Caffarra, Arcebispo de Bolonha (Itália), forneceu elementos sobre uma profunda luta espiritual que a Igreja enfrenta. Depois de celebrar a missa no túmulo do Padre Pio, ele revelou, em entrevista à Tele Radio Padre Pio, que havia escrito à Irmã Lúcia — a última vidente sobrevivente de Fátima, falecida em 2005 —, pedindo suas orações por sua missão de estabelecer o Pontifício Instituto de Estudos sobre o Matrimônio e a Família.

Surpreendentemente, a Irmã Lúcia respondeu com uma longa carta, advertindo: Chegará o tempo em que a batalha decisiva entre o reino de Cristo e Satanás será sobre o casamento e a família.” Esta proclamação não apenas ressalta a gravidade da situação, mas também prediz as provações que aqueles que defendem a família enfrentariam.

Contexto histórico da luta familiar

A luta contra o matrimônio cristão não é nova; tem raízes históricas profundas. Começou com a introdução do divórcio durante a Revolução Protestante, evoluiu mediante a promulgação do casamento civil durante a Revolução Francesa, e ganhou impulso com a noção de amor livre durante os primeiros anos de Lenine no poder.

No entanto, a verdadeira aceleração dessa batalha pode ser rastreada até a revolução sexual dos anos 60, catalisada por eventos como os protestos de maio de 1968 em Paris. Esse movimento, com seu grito de guerra é proibido proibir”, não apenas desafiou as normas existentes em torno do casamento, mas também abriu portas para o movimento homossexual.

A partir do novo milênio, quando muitas nações ocidentais começaram a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o foco mudou para a ideologia de gênero, complicando ainda mais as visões da sociedade sobre a sexualidade.

Alison Jaggar (foto), uma proeminente feminista britânica, professora numa universidade americana, afirmou sem rodeios: “O fim da família biológica também eliminará a necessidade de repressão sexual. A homossexualidade masculina, o lesbianismo e as relações sexuais extraconjugais não serão mais vistos da maneira liberal como opções alternativas. [...] A humanidade poderia finalmente voltar à sua sexualidade natural polimorficamente perversa”.

O surgimento do movimento pelos direitos dos homossexuais, particularmente após eventos como os distúrbios de Stonewall em 1969, marcou um momento crucial na batalha por reconhecimento e aceitação. Os primeiros defensores do movimento reconheceram que a questão subjacente não era apenas sobre direitos legais, mas sobre alterar as percepções sociais da própria moralidade das relações homossexuais.

Paul Varnell, um jornalista pró-homossexual, articulou esse ponto, enfatizando que mudar o julgamento moral em torno da homossexualidade era essencial para o sucesso do movimento. Mas para que essa manobra fosse bem-sucedida, a homossexualidade deveria ser aceita pelas várias religiões, particularmente o cristianismo.

Para consegui-lo, o movimento homossexual criou, a partir dos anos 60, inúmeras associações especificamente para esse fim. Um dos mais ativos hoje é o movimento Soulforce, que há 20 anos descreveu sua missão da seguinte forma:

“Acreditamos que a religião se tornou a principal fonte de desinformação falsa e inflamatória sobre lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Os cristãos fundamentalistas ensinam que somos ‘doentes’ e ‘pecadores’ [...]. A maioria das denominações conservadoras e liberais se recusa a nos casar ou nos ordenar para o ministério pastoral. A Igreja Católica Romana ensina que nossa orientação é ‘objetivamente desordenada’ e nossos atos de intimidade ‘intrinsecamente maus’”.

E prossegue: “Acreditamos que esses ensinamentos levam à discriminação, ao sofrimento e à morte. Nosso objetivo é confrontar e, eventualmente, substituir essas inverdades trágicas pela verdade de que também somos filhos de Deus, criados, amados e aceitos por Deus exatamente como somos.”

Luta dentro da Igreja uma visão histórica

O primeiro Cavalo de Troia a penetrar na cidadela católica com a tentativa de substituir o ensino católico tradicional pela nova formulação LGBT foi um jesuíta americano, o padre John J. McNeill. Em seu livro, A Igreja e o Homossexual, ele propôs ideias

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