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| PALAVRA DO SACERDOTE | (continuação)

justos e dos ímpios:

1. Identidade – Ressuscitarão em seus próprios corpos.

2. Totalidade – Ressuscitarão com todos os seus membros e faculdades.

3. Imortalidade – Não estarão sujeitos à morte novamente.

Mas enquanto os justos desfrutarão de uma felicidade eterna na totalidade de seus membros restaurados, os ímpios “buscarão a morte e não a encontrarão; desejarão morrer e a morte fugirá deles” (Ap 9,6).

Entretanto, os corpos dos santos serão distintos por quatro dons transcendentais, frequentemente chamados de qualidades:

1. Impassibilidade – Os corpos glorificados estarão isentos de dor e sofrimento. Como diz o Apóstolo: “Semeia-se (o corpo) corruptível, ressuscitará incorruptível” (1 Cor 15,42). Os Escolásticos chamam essa qualidade de “impassibilidade” e não de “incorrupção”, precisamente para marcar essa peculiaridade dos corpos glorificados.Pelo contrário, os corpos dos condenados serão incorruptíveis, mas não impassíveis; estarão sujeitos ao calor, ao frio e a toda forma de dor.

2. Brilho ou Glória – Os corpos dos santos brilharão como o sol. Como diz o Apóstolo: “Semeia-se na ignomínia, ressuscitará glorioso” (1 Cor 15,43; cf. Mt 13,43 e 17,2; Fil 3,21). Todos os corpos dos santos serão igualmente impassíveis, mas possuirão diferentes graus de glória, conforme diz São Paulo: “Uma é a claridade do sol, outra a claridade da lua e outra a claridade das estrelas; e ainda uma estrela difere da outra na claridade. Assim também é a ressurreição dos mortos. Semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível” (1 Cor 15,41-42).

3. Agilidade – Os corpos glorificados serão livres da lentidão do movimento e dotados da capacidade de se mover com extrema facilidade e rapidez, conforme o desejo da alma. O Apóstolo declara: “Semeia-se fraco, ressuscitará robusto” (1 Cor 15,43).

4. Sutileza – O corpo estará totalmente sujeito ao domínio da alma. Isso é inferido das palavras do Apóstolo: “Semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual” (1 Cor 15,44).O corpo participará da vida mais perfeita e espiritual da alma, a tal ponto que se tornará semelhante a um espírito. Esse dom foi exemplificado em Cristo, quando Ele atravessou objetos materiais após a ressurreição.

Como foi o fim da vida terrena de Nossa Senhora?

Como vimos acima, há duas escolas em relação à passagem desta vida dos justos que ressuscitaram durante a Paixão. O mesmo acontece em relação ao fim da vida terrena de Maria Santíssima.

De um lado, a crença de que Maria experimentou apenas uma dormitio (adormecimento) e não a morte está enraizada na ideia de que ela foi preservada do pecado original e, portanto, não estaria sujeita à sua penalidade (a morte). Essa perspectiva é encontrada entre alguns Padres da Igreja como Santo Epifânio de Salamina (século IV), São João Damasceno (séculos VII-VIII), e São Germano de Constantinopla (século VIII), que falam sobre a “passagem” da Virgem Santíssima de maneira que sugere uma Dormição sem sofrer a corrupção da morte.

Santo Tomás de Aquino (século XIII) e a maioria dos teólogos inclinam-se para a tese de que Ela teria morrido. De um lado, porque a imortalidade corporal de Adão e Eva foi um dom preternatural que foi retirado à humanidade após a queda. Santo Agostinho ensina que mesmo Nosso Senhor, se não tivesse sofrido uma morte violenta, teria morrido de morte natural. De outro lado, sendo a Mãe de um Redentor que resgatou o mundo pela sua morte, era apropriado que a Co-redentora o imitasse também nisso, ficando claro que sua morte não foi a consequência direta do pecado original ou de um pecado pessoal, nem de uma doença ou outra circunstância inconveniente para sua condição de Mãe de Deus. Sua morte teria sido uma morte livre causada pela força de seu amor por seu Divino Filho.

O ensinamento comum é, portanto, de que Maria morreu e ressuscitou. Mas a Igreja não definiu isso como dogma, deixando espaço para a venerável crença na Dormição. De fato, o dogma da Assunção de Maria (definido pelo Papa Pio XII em 1950) deliberadamente evita declarar se Ela morreu ou apenas experimentou a Dormição, respeitando ambas as tradições. Eis a passagem relevante da fórmula dogmática da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus:

“Com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.


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