O Martirológio Romano registra: “Em Bamberg (Alemanha), Santa Cunegundes, imperatriz. Casada com Santo Henrique II, Imperador dos Romanos, obteve dele consentimento para guardar perpétua virgindade. Cheia de méritos, por causa de suas boas obras, morreu santamente, e resplandeceu com milagres depois da morte.”
A princesa Cunegundes era um dos 11 filhos de Sifroi ou Sigefroid, primeiro conde do Luxemburgo, e de Edwiges, filha do conde Eberardo IV, de Nordgau.
Sua piedosa mãe educou essa numerosa prole intensamente na religião católica, de modo que Cunegundes só almejava ser freira. Entretanto, como “noblesse oblige”, pertencendo à alta nobreza, ela não podia dispor de si mesma, devendo ater-se aos interesses do Estado.
Em sua juventude, Cunegundes era notável por sua virtude e beleza, o que atraiu a atenção do virtuoso Henrique II, então Duque da Baviera. Este propôs matrimônio, o qual se realizou no ano de 1002.
Durante o casamento Henrique foi eleito rei da Alemanha, sendo coroado em Mainz no dia 9 de julho por Santo Willigis (c. 940–23 fev.1011), arcebispo dessa arquidiocese e arquichanceler do Sacro Império. Por sua vez, Cunegundes foi coroada em Paderborn pelo mesmo santo no dia 10 de agosto.
Essa foi a primeira coroação conhecida de uma rainha alemã, pois suas predecessoras eram casadas com reis que já haviam sido coroados. Por isso assumiam o título de rainha sem precisarem de ser coroadas.
Mais tarde, em 15 de maio de 1004, Henrique II foi também coroado rei da Itália em Pavia. Não há, porém, evidências de que Cunegundes tenha sido então também coroada rainha.
Como consta no Martirológio, Cunegundes, com o consentimento de seu esposo, consagrou sua virgindade ao Rei dos Céus. O santo casal passou a viver como irmãos, no que é chamado “casamento josefino”. Ou seja, tendo como exemplo São José, o ilustre esposo de Maria Santíssima, que com Ela viveu em sublime castidade.
Contudo, biógrafos modernos afirmam que Cunegundes era estéril, não podendo por isso gerar um herdeiro. E que, apesar de tolerado por Roma, Santo Henrique não a quis repudiar porque via nela grande virtude.
Tal versão é contestada por quase todas as hagiografias anteriores e mesmo algumas modernas, como essa quando afirma que ao se tornar religiosa com a morte do marido ela “ter sido consagrada como virgem, porque teve um casamento josefino com Henrique; e ainda era virgem quando enviuvou”.1
Desse modo, como dissemos, a quase totalidade dos biógrafos tradicionais confirmam a castidade do casamento do imperial casal. Pelo que um deles exclama: “Ó feliz matrimônio, cujo liame não era a voluptuosidade, mas a caridade! Ó santa união, na qual se encontrava o mesmo desejo de uma castidade inviolável, o mesmo espírito de compaixão para com os pobres, a mesma afeição pela caridade, o mesmo amor pela virtude, o
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