Reunindo 104 participantes de 22 cidades e 10 estados, dos quais 93 eram jovens, realizou-se de 1º a 4 de março em São Paulo o XXV Simpósio de Estudos e Ação Contra-Revolucionária.
As palestras apresentaram um panorama profundo das ameaças contemporâneas à Igreja e à civilização cristã. O evento, organizado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, foi um chamado ao combate no campo temporal e espiritual, em uma época que cada vez mais se assemelha às grandes batalhas travadas pela Cristandade ao longo dos séculos.
Na abertura, Dom Bertrand de Orleans e Bragança relembrou o discurso de Dom Pelayo antes da batalha de Covadonga, evocando a coragem dos que, mesmo sem esperança humana de vitória, confiaram na Providência. E fez um apelo aos jovens para que assumissem seu papel na defesa da Santa Igreja e da civilização cristã.
A palestra inaugural do Dr. Nelson Fragelli aprofundou a análise da traição interna à Igreja, destacando a figura de Dom Opas, bispo traidor que contribuiu para abrir as portas da Espanha visigótica aos inimigos da Cristandade. Fez uma analogia com os "novos Dom Opas" presentes na teologia da libertação, no ecumenismo relativista e na subserviência ao mundo moderno. Ele contrastou essa mentalidade com a coragem de Santo Eulógio, que se manteve firme na defesa da fé durante a dominação muçulmana.
Por sua vez, o Pe. Renato Leite abordou a história da intervenção divina na defesa da Cristandade, recordando a batalha de Lepanto e a vitória católica, que ocorreu quando tudo parecia perdido. A sua conclusão foi clara: os católicos de hoje enfrentam três inimigos principais: o marxismo, o laicismo libertário e o islamismo radical. Em resposta a essas ameaças, a grande arma para os dias atuais é o Santo Rosário.
O Dr. Guilherme Martins iniciou sua exposição traçando um paralelo entre a Via-Sacra e a paixão da Santa Igreja, destacando que, nos tempos modernos, a Igreja tornou-se o epicentro do conflito entre a Revolução e a Contra-Revolução. Ao rememorar os diversos acontecimentos de 2024, ele observou o crescente adensamento das trevas, exemplificado pela publicação da Fiducia Supplicans, os perigos do Caminho Sinodal alemão, blasfêmias nos Jogos Olímpicos, entre outros padecimentos. Contudo, também vislumbrou sinais de renovação do catolicismo tradicional, como o crescente interesse dos jovens pela Missa tridentina e o retorno à tradição em diversas partes do mundo.
O Prof. Luis Dufaur analisou o simbolismo da restauração da Catedral de Notre-Dame, considerando-a uma metáfora altamente simbólica de nossa luta pela civilização cristã e da ação da Divina Providência na reversão da História. Destacou como a catedral, atacada pela Revolução Francesa e por outros movimentos anticatólicos, representa a história cristã, com seus vitrais ilustrandoas sucessivas eras, desde a criação até o Apocalipse.
Em sua segunda palestra, o Dr. Fragelli ressaltou a importância da ordem temporal e da sociedade civil na construção de ambientes que elevam a alma, destacando como as artes refletem princípios subjacentes. Contrastou a harmonia, a hierarquia e a sacralidade presentes na Idade Média com a frieza caótica da modernidade. Exemplificou com os restaurantes acolhedores daquela época, onde a tradição e o bom convívio foram contrapostos à impessoalidade dos fast-foods.
Em seguida, o Sr. Luis Guillermo Arroyave expôs o engenhoso mecanismo por trás da Revolução nas tendências, demonstrando como o igualitarismo se espalha por meio das artes, da moda e dos comportamentos sociais. Ele destacou que essa transformação não ocorre espontaneamente, mas é meticulosamente orquestrada para corroer valores tradicionais e moldar a mentalidade das massas.
O jornalista Nelson Ramos Barretto analisou o papel dos Estados Unidos e Trump no cenário global e nacional. Abordou a Revolução Woke, que teve origem nos ensaios de Judith Butler e se expandiu para diversas esferas sociais, resultando em grandes prejuízos para empresas que a apoiaram.
O Dr. Frederico Viotti abordou a atuação católica e o panorama internacional sob uma perspectiva histórica e teológica, ressaltando a necessidade de lutar pela instauração do Reino de Deus na Terra. Analisou a desordem mundial à luz da mensagem de Fátima, destacando os erros da Rússia como instrumentos de descristianização e enfraquecimento da cultura cristã.
Por sua vez, o Prof. Luiz Carlos Molion provou em sua conferência que o clima da Terra sempre passou por variações naturais, desacreditando a influência do CO2 e criticando acordos internacionais como o de Paris. Também apontou falhas nos modelos climáticos, que, segundo ele, não conseguem prever com precisão eventos futuros. Em relação à Amazônia, contesta a ideia de que a floresta tem impacto climático global significativo, explicando que seu balanço hídrico é autossuficiente e que a umidade provém, em grande parte, do Oceano Atlântico.
Na palestra final, o Dr. Julio Loredo examinou a atuação de Plinio Corrêa de Oliveira na luta contra a infiltração revolucionária na Igreja Católica, ressaltando seu papel central na resistência tradicionalista no Brasil e no mundo. Sua exposição também analisou como a infiltração modernista pavimentou o caminho para a crise pós-conciliar e as reformas do Papa Francisco.
Ao encerrar o simpósio, Dom Bertrand reafirmou a certeza da vitória da Igreja e do Reino de Maria, conforme predito em Fátima. Lembrando a vitória de São Fernando de Castela na Reconquista, ele destacou que, assim como o sol parou durante uma das batalhas dessa luta, também a Providência intervirá na batalha atual pela restauração da Cristandade.