(continuação)
Mons. Uchôa, Vigário Geral de Niterói, tão querido em Campos, e de uma brilhante representação de paulistas.
Em 3 de janeiro do ano seguinte, falecia piedosamente no Senhor o venerando D. Octaviano, e ascendia ao sólio o Bispo Coadjutor muito admirado e amado por toda a Diocese.
Está bem patente aos olhos de todos, o que tem sido a atuação de S. Excia. Revma. neste Bispado. No ensino, nas obras sociais, na catequese, nas visitas pastorais, no incremento à Ação Católica, às Congregações Marianas, à santa obra dos exercícios espirituais, à imprensa católica, tem S. Excia. um acervo de realizações que enchem os anais destes curtos anos de atividade. A tudo isto, seria preciso acrescentar ainda a ação que S. Excia. Revmo. exerce nos meios intelectuais de nossa cidade pela irradiação de sua grande cultura pessoal: seus discursos, suas conferências, suas homilias honram os foros de cultura de Campos.
Se muito valem o talento, o saber, o tino na direção, a diligência infatigável na ação, mais ainda vale o amor de Deus. Se nos calássemos sobre isto, omitiríamos o que em S. Excia. Revma. há de mais profundo e nobre.
De sua ortodoxia, de sua devoção à Santa Sé e ao Vigário de Cristo, de sua obediência indefectível e meticulosa a tudo que Roma ordena, não há que dizer: é o traço distintivo de quanto S. Excia. ensina e faz.
Igualmente não há que dizer sobre a harmoniosa aliança de firmeza e bondade, que constitui o encanto de seu convívio: proclamam-no todos os que têm a ventura de se acercar de S. Excia.
Sua perfeita abnegação pessoal, sua acrisolada piedade, o equilíbrio com que sabe unir a vida contemplativa e a vida ativa, fazem dele um exemplo vivo de pastor segundo a famosa obra de Dom Chautard, "A Alma de todo apostolado".
Tudo isto, por certo, é amor de Deus. Mas em S. Excia. Revma. o amor de Deus tem um reflexo particularmente tocante na grande devoção que é a luz de sua vida, o amor a Maria Santíssima. Filho extremoso de Nossa Senhora, zeloso de Sua gloria, defensor estrênuo de tudo que a Ela toca, D. Antonio de Castro Mayer tem na sua personalidade a nota inconfundível dos verdadeiros servos da Virgem, como os descreve S. Luiz Maria Grignion de Montfort.
É pois com o coração e os olhos postos em Maria que elevamos nossas preces de agradecimento pelo grande Bispo que é um dom de Deus à Diocese de Campos.
Por iniciativa do Secretariado do Apostolado da Oração da diocese de Gerona, na Espanha, surgiu há cerca de um ano a "Aliança do Credo", que já conta com a aprovação de diversos Bispos espanhóis e de outras nações, e com a recomendação da Direção Geral do Apostolado em Roma. Inspirada por uma carta pastoral de S. Excia. o Arcebispo de Tarragona, trata-se não de uma nova associação, mas apenas de um movimento, de uma cruzada mundial de orações por aqueles que em nossos dias sofrem perseguição por causa de sua fidelidade à verdadeira Igreja. Para participar desse movimento, basta rezar diariamente o Credo em louvor do Sagrado Coração de Jesus e a invocação: "Doce Coração de Maria, sede a nossa salvação", em intenção dos católicos que padecem pela Fé, pedindo por sua fortaleza e constância, por que se abreviem os dias de sua tribulação, pelo retorno dos que fraquejam na dura prova e pela conversão dos que os perseguem.
Os Diretores diocesanos do Apostolado da Oração da Província Eclesiástica de Tarragona, que são os promotores da "Aliança", pedem a quantos queiram dela participar, que procurem difundi-la nas famílias, nos seminários e colégios, pelo radio e pela imprensa, e sugerem que essas preces sejam feitas em particular e em público, e mesmo em funções religiosas.
Quem se lembra de que milhões de nossos irmãos na Fé gemem atualmente debaixo da tirania soviética, por certo não recusará sua adesão a essa piedosa iniciativa.
PIO XII: Fique bem claro, caros filhos, que, na raiz dos males atuais e de suas funestas conseqüências, não está, como antes da vinda de Cristo ou nas regiões pagãs, a ignorância invencível dos destinos eternos do homem e das vias fundamentais para atingi-los, mas antes a letargia de espírito, a anemia de vontade, a frieza dos corações. Os homens atingidos por esse contágio tendem, para se justificar, a rodear-se das antigas trevas e procuram um pretexto em novos e antigos erros. É pois sobre suas vontades que é preciso agir ( Exortação aos fiéis de Roma, de 10-11-1952).
PIO IX: Ainda que os filhos do século sejam mais astutos, que os filhos da luz, suas fraudes e violências seriam, entretanto, menos nocivas, se muitos que de nome se dizem católicos não lhes estendessem a mão amiga. Pois não faltam os que para andar de acordo com eles se esforçam por associar a luz com as trevas e unir a justiça à iniqüidade, por meio de doutrinas que chamam católico-liberais e que, baseadas sobre princípios perniciosíssimos, bajulam o poder civil que invade as coisas espirituais, e dobram os ânimos a apoiar ou pelo menos tolerar leis sumamente iníquas. Como se não estivesse escrito: Ninguém pode servir a dois senhores! São eles muito mais perigosos e mais funestos que os inimigos ativos, seja porque inobservados (e talvez mesmo sem que se apercebam disso ) secundam os seus esforços, seja porque, respeitando certos limites de opiniões condenadas, apresentam uma aparência de probidade e de pureza de doutrina que fascina os imprudentes amantes da conciliação, e engana os homens que se oporiam a um erro aberto. Desta sorte, dividem os ânimos, rompem a unidade e enfraquecem as forças que se deveriam opor coesas aos adversários ( Carta ao Círculo Santo Ambrosio, de Milão, de 6-III-1873).
LEÃO XIII: A prudência católica, apoiada nos preceitos da lei natural e divina, provê com singular acerto à tranqüilidade pública e doméstica por meio de sua doutrina e ensinamentos acerca do direito de propriedade e da partilha dos bens necessários ou úteis para a vida. Porque os sectários do socialismo, apresentando o direito de propriedade como invenção humana que repugna à igualdade natural dos homens, e reclamando a comunidade de bens, declaram que é impossível suportar com paciência a pobreza e que as propriedades e direitos dos ricos podem ser violados impunemente. Mas a Igreja, que reconhece, muito mais sabia e utilmente, que existe a desigualdade entre os homens, naturalmente diferentes nas forças do corpo e do espírito, e que esta desigualdade também existe na propriedade dos bens, determina que o direito de propriedade ou domínio, procedente da própria natureza, permaneça intacto e inviolado nas mãos de quem o detiver ( Encíclica "Quod Apostolici Muneris", de 28-XII-1878).
LEÃO XIII: A época em que a sociedade, saída das ruínas do império romano, retomou uma vida nova e rasgou para a civilização cristã horizontes cheios de grandeza, foi também o tempo em que os Pontífices Romanos deram ao poder político, pela instituição do Sacro Império, uma consagração particular. Resultou dai para a soberania temporal um grande acréscimo de dignidade; e não é duvidoso que as duas sociedades, a religiosa e a civil, tivessem continuado a tirar daí os mais felizes frutos se o fim que a Igreja tinha em mira nessa instituição tivesse sido semelhantemente o que se propunham os príncipes e os povos. E, de fato, sempre que reinou a união entre os dois poderes, viu-se florescer a paz e a prosperidade. Elevava-se algum distúrbio entre os povos? A Igreja lá estava, mediadora de concórdia, pronta a chamar cada um ao seu dever e capaz de, por um misto de doçura e autoridade, moderar as paixões mais violentas. De outro lado, caíam os príncipes em algum excesso de poder? A Igreja sabia interpelá-los, e, relembrando-lhes os direitos, as necessidades e os justos desejos dos povos, dar-lhes conselhos de equidade, clemência e bondade. Semelhante intervenção mais de uma vez conseguiu prevenir sublevações e guerras civis ( Encíclica "Diuturnum Illud", de 29-VI-1881).
LEÃO XIII: O imenso perigo em que o contágio das falsas opiniões lançou a família e a sociedade civil é para todos nós evidente. Decerto, ambas gozariam de uma paz mais perfeita e de uma segurança maior se nas academias e nas escolas se ministrasse uma doutrina mais sã e mais conforme ao ensino da Igreja, uma doutrina tal como a achamos nas obras de Tomaz de Aquino. O que S. Tomaz nos ensina sobre a verdadeira natureza da liberdade que em nossos tempos degenera em licença, sobre a origem divina de toda a autoridade, sobre as leis e seu poder, sobre o governo paternal e justo dos soberanos, sobre a obediência devida aos poderes mais elevados, sobre a caridade mútua que deve reinar entre os homens; o que ele nos diz a respeito desses assuntos e outros do mesmo gênero tem uma força imensa, invencível, para derrubar todos esses princípios do direito novo, cheios, como se sabe, de perigos para a boa ordem e a salvação pública (Encíclica "Aeterni Patris", de 4-VIII-1879).
Adolpho Lindenberg
A revista católica norte-americana "Commonwealth", pela primeira vez nestes últimos vinte e quatro anos, pronunciou-se a respeito dos candidatos à presidência dos EE.UU., e, para júbilo de muitos e desapontamento de outros, mostrou-se partidária da vitória dos democratas.
Muitos observadores políticos afirmam que entre os principais apoios eleitorais do Partido Democrático costumam figurar as três minorias mais importantes da nação a saber, os católicos, os negros e os judeus. O pronunciamento de "Commonwealth", o programa democrático de extinção das discriminações raciais vigentes no sul e a política pro-judeus adotada pelo Presidente Truman — da qual a melhor manifestação foi o pronto reconhecimento da República de Israel pelos norte-americanos — parecem confirmar essa opinião. Como esta nota não tem perdido ocasião de mostrar que as repetidas vitórias do Partido Democrata estão transformando os EE. UU., de praça-forte da livre iniciativa econômica, em uma nação socializada, e que tal transformação só acarretará perigos para a sobrevivência do Catolicismo no país, pois o socialismo é em última analise totalitarismo, não podemos deixar de indicar as razões pelas quais se explica o apoio dos católicos norte-americanos aos candidatos democráticos.
I. O Partido Trabalhista Inglês proclama-se abertamente o defensor dos verdadeiros princípios de Lenine e só se diferencia do comunismo pelo fato de optar pela revolução gradual ao invés da revolta brusca e sangrenta. Os partidos esquerdistas da Europa também se professam oficialmente socialistas e favoráveis ao Estado totalitário. Não se pode, portanto, desculpar de modo algum um católico inglês, francês ou alemão que apóie o partido socialista de seu país. Nos EE. UU., porém, a situação é diferente: é tal a repugnância do povo pela palavra socialismo, que os partidários da ingerência do governo na esfera das atividades particulares, da hipertrofia do poder central em detrimento das autonomias estaduais, da instituição de seguros sociais obrigatórios, de uma legislação trabalhista mais avançada, etc., vêm-se na contingência de se apresentar como campeões da democracia e de fazer constantes críticas e ataques aos governos esquerdistas do mundo inteiro. Pode-se, pois, compreender que um eleitor católico norte-americano vote inocentemente em um partido cujo programa signifique alguns passos na direção do esquerdismo, mas que possua todas as aparências externas de um autentico defensor das liberdades econômicas e políticas.
II. Grande parte dos católicos da America do Norte são descendentes de italianos que imigraram por ocasião do grande surto industrial do começo do século. Constituem, portanto, uma população citadina, industrial, e, por isso mesmo, muito sujeita à influência dos sindicatos operários, que são todos eles favoráveis aos democráticos.
III. A maioria dos demais católicos norte-americanos descende de colonos franceses e espanhóis que se estabeleceram nos territórios que pertenciam à França e à Espanha no sul do país, como a Louisiana, o Texas, a Califórnia, etc. Ora, interesses locais e determinadas conjunturas políticas levam os estados do sul a apoiar os democratas, votando massiçamente nos seus candidatos, enquanto o Norte é quase todo republicano.
* * *
Vemos, assim, que seja por ingenuidade, ou seja por meras razões de caráter local, é possível que o eleitorado católico sufrague os candidatos do Partido Democrático. Façamos votos, no entanto, de que os líderes políticos do Catolicismo norte-americano tenham o discernimento e a virtude de rejeitar as tendências totalitárias do programa dos democratas e de alertar a massa dos católicos contra a orientação eleitoral que vêm seguindo até agora.
Monja cisterciense presta, segundo o cerimonial muitas vezes secular da Ordem, obediência a sua Abadessa. É a expressão da vida de humildade e renúncia da esposa de Cristo. Pio XII reafirma o valor das regras das várias famílias religiosas: só devem sofrer modificação pormenores práticos alheios à regra e concernentes à sua aplicação a situações concretas.
A imprensa diária se referiu com muito destaque à alocução dirigida pelo Sumo Pontífice às Superioras gerais de Ordens e Congregações Religiosas, reunidas em Roma em Setembro último. Contendo, tais referências, graves e perigosas deformações das palavras do Papa, julgamos de toda a conveniência publicar na integra o texto daquela alocução. Pronunciada pelo Santo Padre em francês, traduzimo-la da edição hebdomadária em língua francesa, do "Osservatore Romano", de 26 de setembro de 1952. Em outro local, analisamos a diferença que vai das palavras do Pontífice para a versão tendenciosa de certas agencias telegráficas. Disse o Santo Padre (os subtítulos e notas são desta redação):
Nós vos dirigimos Nossa saudação paterna, caríssimas filhas que acorrestes em tão grande número ao Congresso Internacional das Superioras gerais das Ordens e Congregações femininas, e que, ao cabo de vossos trabalhos, no momento de aplicar os resultados de vossas deliberações, viestes a Nós, afim de pedir a bênção do Vigário de Cristo.
Quando a Sagrada Congregação dos Religiosos Nos propôs a realização deste Congresso, julgamos necessário ponderar o assunto: um empreendimento de caráter internacional, como este, exige sempre um dispêndio considerável de tempo, de dinheiro e de esforço pessoal. Era mister, contudo, reconhecer a necessidade do Congresso. De fato, julgamos não dever furtar-Nos aos motivos que Nos foram apresentados, e a imponente assembléia que aqui temos sob os olhos, o modo por que nos fitais, toda a vossa atitude Nos afirma que, durante estes dias, esteve em ação uma imensa boa vontade.
Sim, caríssimas filhas, os ecos do Congresso, que acaba de se encerrar, proclamaram com que seriedade considerastes o serviço de Deus, e quão grande é vosso desejo de vos prodigalizardes a vós mesmas em prol de vossas famílias religiosas e da Igreja. Para este efeito, desejais ouvir de Nós uma palavra de conforto, de estímulo, algumas diretrizes.
Precisamente um ano há que tratamos, de maneira pormenorizada, uma série de questões concernentes ao bom estado das Ordens e Congregações Religiosas docentes e sua adaptação conveniente à situação atual (1). Certo número, senão a maior parte das indicações que então demos, valem igualmente para todas as demais Congregações de Religiosas. As experiências do ano que acaba de escoar, Nos convidam a atrair vossa atenção para as diretrizes que então formulamos. Convidamo-vos a que com elas corajosamente vos conformais, quando vossas Irmãs e vossa própria experiência vos disserem que o momento chegou, de tomar em consideração com inteligência, as formas de vida atuais.
Temos, para vos falar assim, um motivo bem especial. Sabeis que as Ordens femininas passam por uma crise bastante grave: queremos aludir ao decréscimo do número das vocações. Esta crise por certo ainda não atingiu todos os países. Mesmo naqueles onde ela grassa, sua intensidade não é igual por toda a parte. Mas, já agora, ela é inquietadora em vários países europeus (2). Em regiões onde há vinte anos a vida religiosa feminina estava em pleno florescimento, o número de vocações desceu à metade do que fora (3). Outrora, entretanto, dificuldades sérias punham entrave à vocação das jovens, enquanto em nossa época as condições externas parecem pelo contrário encaminhar para o estado religioso, a tal ponto que se julgaria dever tomar precauções contra as vocações fictícias.
Não queremos tratar circunstanciadamente desta crise que Nos causa graves preocupações. Teremos oportunidade para tal em outra ocasião. Hoje queremos tão somente dirigir-Nos aos que, Sacerdotes ou leigos, pregadores, oradores ou escritores (4), não têm uma só palavra de aprovação, ou de louvor, à virgindade consagrada a Jesus Cristo (5); que há anos, não obstante as advertências da Igreja, e contrariamente ao que constitui o pensamento desta, concedem ao casamento uma preferência em princípio, sobre a virgindade; que chegam mesmo ao ponto de apresentar o casamento como único meio capaz de assegurar à personalidade humana seu desenvolvimento e sua perfeição
(continua)