ESCREVEM OS LEITORES

O Exmo. Revmo. Sr. D. Frei Cesario Minali, O. F. M. Cap., DD. Bispo titular de Achirao e Prelado "nullius" de Carolina (Est. Maranhão) - antes Prelado do Alto Solimões - enviou-nos a seguinte carta, que fez acompanhar de generoso donativo: "Recebo pontualmente o precioso CATOLICISMO, ... Pela presente remeto uma pequena contribuição para as despesas do querido jornal. Se me fosse possível, de todo o coração enviaria mais, mas penso que também a esmola da viúva tem valor ...

Como será de seu conhecimento, a Santa Sé me transferiu para a nova Prelazia de Carolina, no Estado do Maranhão. Desejaria que o CATOLICISMO me acompanhasse no novo campo apostólico. Peço, pois, a caridade de me remeter o jornal para Carolina, cidade servida por avião. Assim terei sempre o grande prazer de ler o grande paladino católico e aproveitar as suas idéias e ensinamentos para combater os hereges que pululam naquele recanto da Prelazia.

Muito agradecido, com os votos de que o belo jornal continue o bom combate para gloria de Deus".

Revmo. Pe. Diretor do Colégio Salesiano D. Bosco, Porto Velho (Territ. Rondônia): "... uma assinatura do jornal CATOLICISMO, o qual, não obstante a sua real atualidade, é tão pouco conhecido nestas plagas rondonienses".

Revmo. Pe. Frei Otavio Lopes, O. C. D., Igreja do Bom-Fim, Santa Maria (Est. Rio Grande do Sul): "... seu jornal é recebido com entusiasmo e lido com interesse. A impressão que temos é de que o último (n.o 85, de janeiro de 1958) supera os anteriores em interesse pela atualização da matéria e doutrina eterna, sempre antiga e sempre nova. É o fermento evangélico de que hoje precisamos".

Sr. João Trevizan, São José dos Pinhais (Est. Paraná): "... um cheque para pagamento de minha assinatura, categoria de benfeitor, por cinco anos,... ; de acordo com minhas possibilidades financeiras, farei nova remessa, oportunamente, para ajuda material do grande jornal CATOLICISMO".

Sr. Pedro Negrini, Piracicaba (Est. S. Paulo): "... jornal de tão comprovados méritos, ... aprecio muito todos os artigos. Além de abordarem assuntos de primeira ordem, abordam-nos de maneira elegante, num português lídimo".

IGREJAS E "FUNCIONALIDADE"

Do Sr. Arlindo Malho, de Nova Iguaçu (Est. Rio), recebemos recorte de "Jornal do Brasil" de 21 de março último, que contém uma crônica intitulada "Igreja e conforto" e assinada por Mario Pedrosa. Deseja nosso leitor, a propósito desse artigo, que "Catolicismo" o auxilie a esclarecer este problema: até que ponto se deve levar, ao construir uma igreja, a preocupação do "funcional", na acepção que dão a esta palavra os arquitetos ditos "modernos".

R - Antes de tudo, concordamos plenamente com nosso leitor em aprovar a observação do articulista do "Jornal do Brasil", segundo o qual "a suprema funcionalidade de uma igreja é o ambiente convidativo à prece".

Em virtude deste princípio, parece-nos que a casa de Deus deve evitar o aspecto de um edifício profano; seu ambiente não há de se confundir com o das salas de conferências. Mais ainda: deve o templo lembrar a austeridade da Religião de Jesus Cristo e dessa maneira envolver uma censura da vida pecaminosa, ou mesmo frívola, e um convite à pratica da virtude.

Não quer isso dizer que deva o edifício sagrado constituir, ele mesmo, um instrumento de mortificação. É natural, portanto, que os arquitetos tomem em consideração o clima e outros fatores físicos, para tornar a casa de Deus adequada aos atos que nela se hão de realizar. Seria um absurdo, em região equatorial, uma igreja sem ventilação, ou, nos pólos, outra que estivesse aberta a todas as correntes de ar. Absurdo não menor seria o de bancos de tal maneira mal ajustados que impedissem os fiéis de tomar uma posição natural, durante o tempo em que normalmente devem estar sentados, como, por exemplo, o da pregação. O mesmo se diga, "mutatis mutandis", dos genuflexórios.

São Tomás de Aquino, no "De Regimine Principum", recomenda ao Rei de Cipro que cuide do bem-estar de seus súditos, pois que "algum bem-estar é necessário para a prática da virtude". Leão XIII recorda o mesmo principio na "Rerum Novarum".

Poderíamos dizer que há hoje em dia uma acentuada tendência ao exagero na aplicação desse axioma. Chega-se ao ponto de esquecer a salvação das almas, ou relegá-la a plano secundário, na intenção e na prática, para atender só ao bem-estar temporal. Parece que se varre da memória de muitos outros princípios, inscrito no Evangelho: "Procurai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas (e Jesus falava do que é indispensável à vida, como o alimento e o vestido) se vos darão de acréscimo" (Luc. 12, 31). De fato, não é raro ouvirmos que, em regra, é preciso cuidar primeiro do corpo, e só depois, quando a pessoa tiver algum bem-estar, começar a obra de evangelização e apostolado.

Semelhante interpretação do princípio de São Tomás de Aquino é errônea porque, termina diminuindo a palavra divina. Aliás, não foi assim que o entenderam os Santos que mais se votaram ao alivio das misérias do corpo. São José Benedito Cottolengo, por exemplo, criou sua "Piccola Casa" da Providencia para que nela se desse gloria a Deus. E todos os que ali entravam, já à porta, deviam rezar a Ave-Maria diante de uma imagem da Virgem. Começava, pois, o Santo pela oração, que é por onde se começa a cura da alma ... e do corpo. Como isso é diferente do que soubemos ter acontecido numa escola católica para alfabetização de adultos, na qual uma professora, que achara muito normal ensinar também Religião, foi advertida de que não o fizesse, para não afugentar os alunos não católicos! Verdadeira inversão de valores: saber ler e escrever não é um bem em si. É um meio para chegar a um fim, um instrumento de que o homem deve servir-se para mais facilmente atingir o fim para que foi criado. Ora, se um meio, um instrumento, não é ajustado ao destino próprio do homem - a vida eterna no seio de Deus - antes dele o afasta, como geralmente acontece com o saber ler e escrever quando não se tem Religião, então já não se trata de instrumento bom, e sim nefasto. Melhor e não tê-lo.

O nosso caso, no entanto, é caso típico em que se aplica o princípio estabelecido por São Tomás de Aquino. Quem constrói uma igreja cuida do bem geral. Deve ter em vista a condição espiritual do comum dos fiéis, e não exigir de todos eles virtude heróica. Deve, além disso, tomar em consideração as fragilidades humanas e, sem nunca aprová-las, procurar corrigi-las com suavidade. Por isso, dizíamos, o edifício sagrado não deve ser um instrumento de mortificarão, mas também não pode esquecer sua função pedagógica, qual seja, a de levar os fiéis a estimar e adotar um regime de vida austero segundo o exemplo de Jesus Cristo.

Portanto, numa igreja, o cuidado com a comodidade não pode constituir a preocupação principal. Se seu arquiteto tiver em mente, tão só, fazer um salão amplo, onde todos possam confortavelmente seguir os atos que nele devem realizar-se, concluídas as obras poderá o prédio servir igualmente para cinema ou para sala de conferencias. Será uma igreja porque para isso a destinaram. Faltar-lhe-á, no entanto, a nota característica que faz do templo um edifício diferente dos outros igualmente capazes de acolher grande número de pessoas. A igreja deve ser essencialmente diversa de um ginásio de esportes ou de uma sala de espetáculos públicos.

Poderíamos lembrar aqui o princípio estabelecido pelo Santo Padre Pio XII, na Encíclica "Musicae Sacrae", de 21 de dezembro de 1955, a propósito da decoração das igrejas. Diz o Papa: "Assim, o artista sem fé, ou afastado de Deus por seu espírito e seu procedimento, não deve de modo nenhum ocupar-se de arte religiosa; com efeito, ele não possui aquele olhar interior que permite descobrir tudo quanto reclamam a majestade de Deus e seu culto. E não se pode esperar que suas obras, privadas do sopro religioso — ainda quando revelam experiência e uma certa habilidade do autor consigam jamais inspirar a fé e a piedade que convêm à majestade da casa de Deus; por conseguinte, nunca serão elas dignas de ser admitidas nos templos pela Igreja, que é a guardiã e o árbitro da vida religiosa". Assim, pois, a fé é necessária para que o artista decore convenientemente um edifício sagrado, pois a obra material deve refletir a convicção que anima a conduta, o comportamento do autor. E inversamente, essa mesma obra material tem por fim despertar nos fiéis sentimentos iguais aos que orientaram sua construção. Em outras palavras: um templo edificado com a exclusiva preocupação de comodidade para os que o frequentam, não poderia atender ao seu fim próprio, isto é, não seria funcional, não convidaria à prece, à virtude, à austeridade de vida que convêm aos discípulos de Jesus Cristo Crucificado.


PRECES

PRO OPPORTUNITATE DICENDAE

SELEÇÃO DE ORAÇÕES, EM CUIDADOSA TRADUÇÃO:

Ato de Adoração, de Santo Agostinho

Oração dos Escravos de Maria, de São Luís Maria Grignion de Montfort

Pela Cristandade Perseguida — Adaptação da Oração de Ester

Oração Pedindo Apóstolos para as Atuais Calamidades, de São L. M. Grignion de Montfort

Jaculatória de Nossa Senhora de Fátima para o Rosário

Exorcismo contra Satanás e os Anjos Rebeldes

Oração a Santa Teresinha do Menino Jesus

A Jesus Vivendo em Maria

Aspirações de Santa Teresa de Jesus

Ladainha do Espírito Santo

Ladainha de São Miguel Arcanjo

Ladainha da Humildade, do Cardeal Merry del Val

Para Pedir a Salvação — Oração de Santo Agostinho

Ato de Humildade, de Santo Agostinho

Jaculatória de Nossa Senhora de Fátima

A Promessa do Coração de Jesus a Santa Margarida Maria: Texto Autêntico.

A Comunhão Reparadora dos Primeiros Sábados, Pedida por Nossa Senhora em Fátima:

Promessas e Condições.

PRIMOROSA APRESENTAÇÃO GRÁFICA. 42 PÁGINAS IN 16 (12x16 cm.).

IMPRESSÃO EM PRETO E VERMELHO. CORPO 8. CAPA EM CARTÃO.

Tiragem para o comercio: apenas 600 exemplares. CR$ 50,00

Edição da Boa Imprensa Ltda., que também publica "Catolicismo"

Pedidos aos Agentes de "CATOLICISMO": Dr. José de Oliveira Andrade, Caixa Postal 333, Campos; Prof.. Dr. Antonio Ablas Filho, Rua Castro Alves, 20, Santos, Est. São Paulo. Pagamentos por vale postal, carta com valor declarado ou cheque.


AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Estilos funerários,

nobre lição de vida

Plinio Corrêa de Oliveira

"CATOLICISMO" habitualmente publica, nesta secção, belos clichês. Por isto, não faltará quem se estarreça com a matéria de hoje, tão estranha para olhos modernos. Encontrar textos em lugar de gravuras já é uma decepção para espíritos mais afeitos a impressões e "vivencias" do que a pensamento. Que estes textos contenham matéria funerária, eis o cúmulo. Não tanto porque a certo gosto moderno repugnem temas fúnebres: o êxito dos noticiários policiais prova o contrário. Mas é que a morte, vista por seu lado novelesco, é fonte de emoções, e a tal título constitui tema para literatura sensacionalista. Mas, vista com olhos cristãos, ela é fonte de reflexões austeras. E é do que muita gente não gosta: pensar... e pensar austeramente.

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Entretanto, poucas ocasiões revelam, tanto quanto a morte, o sentido de uma civilização, com os ambientes e os costumes que ela comporta.

Pela atitude do homem perante a morte, conhecem-se os valores supremos segundo os quais ele modelou sua vida. E uma sociologia dos temas fúnebres é um dos melhores meios para se analisar a alma dos vários povos.

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No caso concreto, o país em foco é a gloriosa e catolicíssima Espanha. Em um jornal madrilenho, encontramos algumas comunicações de aniversários de falecimento, acompanhadas de pedidos de oração. Lendo-as, íamos ao mesmo passo fazendo um paralelo entre elas e as praxes congêneres do Brasil. E uma caudal de reflexões nos ia ocorrendo à mente, a propósito destes textos. Procuraremos comunicá-las aos leitores.

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O espírito de família manifesta-se por vários indícios. Ele mantém viva a ligação entre as sucessivas gerações, e por isto no lar arde sempre a chama da tradição. Tradição modesta de honradez, trabalho e carinho em lares humildes. Tradição de grandes feitos, virtude insigne e glória nas estirpes ilustres. Em um e outro caso, boa e legítima tradição, patrimônio moral que grandes e pequenos podem deixar a seus posteros, incomparavelmente mais precioso do que o patrimônio material.

Quem ama a família, ama, pois, a tradição, e não é portanto sem vivo comprazimento que se lêem as longas enumerações de sobrenomes destas notícias fúnebres. Cada um deles evoca uma das estirpes antigas que entraram na composição delicadíssima das influencias biológicas e ambientais que caracterizam cada família. É como um tocante e ufano desfilar de ancestrais já mortos, que constituem uma longa cadeia da qual os vivos também são elos. E na consciência desta ligação a família afirma a consciência que tem de sua continuidade e de sua força, maior que a da própria morte.

Esta ligação, tão forte em relação à ancestralidade morta, estende-se também aos vivos. Os parentes ( e não apenas a esposa, os filhos e os netos ) tomam parte no comunicado fúnebre e se associam aos sufrágios. É o tronco familiar bastante pujante para alimentar de sua unidade os galhos mais longínquos.

E esta solidariedade atravessa os anos. O décimo sétimo aniversário da morte do Marquês de Santa Cruz ou o décimo primeiro do falecimento de Doña Monserrat de la Vega se comemoram com uma multiplicidade de sufrágios e manifestações de pesar maior que as do primeiro aniversário de morte entre nós. Sinal de que em terras profundamente cristãs não corresponde à verdade afirmar que "les morts vont vite".

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Além do senso de família, há que notar nessas participações seu tom solene. Os nomes vêm por extenso, os títulos de nobreza e as dignidades estatais também. É que a morte é terrivelmente majestosa, e tudo quanto dela se aproxima participa da sua magnitude. Mais do que a inegável grandeza e a ainda mais inegável pequenez do homem, deixa-nos ela ver a infinita e tremenda grandeza de Deus. Nada há que destoe mais da morte do que uma atitude "coca-cola"! E toda a pompa humana cabe bem para fazer sentir a gravidade deste "fim de mundo", que é para cada homem o momento em que deixa esta vida,

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Outrora era mais frequente entre nós dizer, nos necrológios, que o morto havia expirado cristãmente. Infelizmente, o laicismo crescente, a mania de dar a tudo que se pública e que não tenha caráter esportivo ou sensual, uma concisão telegráfica, vão eliminando sempre mais a menção desta circunstância. E que circunstância! Num jornal que registra as menores ninharias referentes a uma partida d futebol, não há espaço para informar se foi na paz do Senhor que esta ou aquela pessoa morreu.

Nestes noticiários espanhóis, pelo contrário, se diz de um que morreu cristãmente, de outro que recebeu o Sacramento e a augusta benção do Vigário de Cristo, e da outra, finalmente, que expirou com essa benção e sob o manto de Nossa Senhora dos Perigos.

No caso de Doña Monserrat, a idéia da importância da direção de consciência é levada a um extremo tocante. O diretor espiritual é mencionado em primeiro lugar na lista das pessoas que convidam para as exéquias. Profunda afirmação do papel da Confissão e da direção espiritual na vida do fiel.

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Junto a tanta ufania de família, nota-se uma grande humildade: é bem viva a noção de que pela miséria humana precisamos, todos, de muitos sufrágios, não só Missas em várias igrejas, como rosários públicos, bênçãos do Santíssimo Sacramento, indulgências, etc.

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Por fim, já que nos ocupamos com os sufrágios por essas três almas, rezemos uma Ave-Maria por intenção de cada uma. De sorte que a edificação que suas famílias nos deram redunde em fator de eterno repouso dos três mortos.