| A REFORMA AGRÁRIA FRACASSA EM MAIS UM PAÍS | (continuação)
e se forem reduzidos os. custos operacionais (Escritório do Inspetor Geral para Auditoria - América Latina, AID-Departamento de Estado dos EUA - Auditoria da reforma agrária de El Salvador; tradução do Centro de Estudos Econômicos e sociais, Guatemala, Fev. 1984, pp. 21 e 22). Em outras palavras, os "favorecidos" pela reforma agrária estão na falência, e sua sobrevivência está dependendo dos favores do Estado. É o paraíso socialista...
O fracasso da reforma agrária de El Salvador não deveria surpreender a ninguém. Como mostram as experiências de reforma agrária feitas nos mais diversos países, esse é o resultado lógico. É um fracasso fácil de explicar.
Em primeiro lugar, a reforma agrária cria uma insegurança generalizada nos proprietários, paralisando os investimentos e a exploração da terra. Daí a diminuição da produção também nos setores ainda não expropriados.
Por outro lado, as áreas expropriadas passam a ser trabalhadas sob a direção de pessoas sem capacidade e experiência. Não se pode esperar outra coisa de trabalhadores manuais ou de técni cos do governo, sem conhecimento real das complexidades da exploração rural.
Em terceiro lugar, os recursos financeiros são destinados sem se tomar em consideração os aspectos técnicos e econômicos envolvidos no processo de produção. Daí o uso indevido dos empréstimos, a incapacidade de pagá-los etc.
O resultado final é a diminuição da produção, o aumento da pobreza e do descontentamento. O contrário do que os propugnadores da reforma agrária prometem.
Gregório Lopes
O ENSINO DE CATECISMO às crianças sempre foi uma das atividades a que a Igreja se dedicou com mais carinho e empenho, pois a alma infantil é particularmente propícia a que nela se inscrevam os primeiros caracteres da sagrada doutrina de Nosso Senhor.
Por isso o grande Pontífice São Pio X gostava de ensinar catecismo pessoalmente às crianças de Roma, quando suas pesadas ocupações lhe permitiam. E o notável São João Bosco fazia desse ensinamento suas delícias, para alegria daqueles que o ouviam.
Mas o tufão progressista que penetrou na Igreja não poderia deixar intacto o cuidado com a formação das almas inocentes das crianças. Para que do antigo catecismo não restassem nem mesmo os imponderáveis amenos e o clima afável que o cercavam, trocaram-lhe até o nome: hoje se chama catequese. Não que o termo seja incorreto. Pelo contrário, ele sempre se usou na Igreja. Porém a sistemática abolição da expressão "o catecismo das crianças", que era tão corrente até há bem pouco tempo, e tão carregada de bênçãos, não deixa de ser muito sintomática do novo conteúdo da catequese infantil.
A diocese de Uns, em São Paulo, através de sua "Equipe de Catequese", elaborou um curso em vários fascículos, em nível infantil, intitulado "Encontro de Catequese". Mais bem poderia chamar-se "Luta de classes para crianças".
No fascículo 12, por exemplo, se diz: "Vamos ver como viviam as pessoas no tempo em que Jesus formou o grupo de Apóstolos. Havia vários grupos de pessoas. De um lado, estavam aqueles que mandavam nos outros: aqueles que usavam da religião para aparecer; aqueles que possuíam as riquezas. Do outro lado, estavam os pobres, os marginalizados, as crianças, os doentes, os estrangeiros, os pecadores etc. ".
Não vamos aqui deter-nos na absoluta falta de coerência e homogeneidade da classificação acima, na qual, por exemplo, as crianças ricas poderiam estar ao mesmo tempo nos dois grupos; da mesma forma os ricos que fossem doentes, estrangeiros ou pecadores. Igualmente não fica claro porque um pobre ou marginalizado não poderia usar da religião para aparecer. E haveria ainda muitas outras perguntas, que a sã lógica clamaria por ver respondidas.
Esse modo de forçar a realidade visa, evidentemente, encaixá-la no esquema da luta de classes.
Trata-se, pois, de uma visão social marxista que se busca inculcar na tenra mente infantil com o objetivo de fazer a criança escolher por uma classe contra a outra, jamais pela harmonia social, como prega a doutrina católica. Por isso, o fascículo acrescenta: "Jesus estava do lado do segundo grupo, do lado dos oprimidos".
Então uma criança, pelo fato de ser criança, é oprimida? Singular apreciação, que leva o menino ou a menina a se identificarem com uma classe social - a dos oprimidos - em revolta contra os adultos, seja seus pais, seja seus professores, que seriam em face dela os poderosos.
Um doente é um oprimido? Alguém que peca gravemente passa a ser oprimido só porque pecou? E Jesus está do lado dele? O mal está em ter o poder e a riqueza, e não em ofender a Deus pelo pecado? Que religião é essa? É bem a "religião" de Marx, mas não a de Nosso Senhor.
Ante tais premissas, a conclusão da "catequese" se impõe: "A bondade de Jesus devia convencer os poderosos que eles deviam mudar de vida". Ou seja, os pecadores não precisam mudar de vida, só os poderosos. E a mudança de vida destes não significa abandonar a vida de pecado que eventualmente possam levar, mas em deixar de ter poder. Assim, um chefe de escritório ou o encarregado de uma seção de fábrica, que roubem desavergonhadamente, são maus porque são chefes, mas não porque roubam.
E o nome de Jesus - ao enunciado do qual "se dobre todo o joelho no Céu, na terra e no inferno"(Flp. 2,10) - é usado impunemente para acobertar o marxismo mais descarado.
Caro leitor, o Sr. gostaria que seu filho ou sua filha fossem vítimas de uma tal "catequese"?...
“A TFP custou por crer que o texto da nota da CNBB, publicado pela Folha em sua edição de 20 do corrente, exprimisse realmente o pensamento do ilustre órgão episcopal. Tal é, no texto, o acúmulo de afirmações carentes de realidade, bem como de apreciações unilaterais e apaixonadas.
“A TFP não renúncia à eventualidade de ainda fazer uma análise mais pormenorizada do pronunciamento da CNBB. Se ela o fizer, será, entretanto, fiel à sua inquebrantável tradição. Isto é, prestará à autoridade eclesiástica toda a medida de respeito e de obediência preceituada pelo Direito Canônico às entidades cívicas de inspiração católica.
“Desde já afirma a TFP estar, como sempre esteve disposta a acatar a vigilância da Sagrada Hierarquia no concernente à Fé e aos costumes.
“Se a CNBB considera que a TFP emitiu algum conceito heterodoxo, ou praticou uma só ação que seja, na linha do comunicado de 19 de abril, queira especificar qual: a TFP, sem dúvida, acatará o reparo desde que provada a autenticidade do erro ou a iliceidade da ação impugnada.
“Entretanto, por um imperativo de justiça, não pode ela aceitar como válidas acusações vagas e genéricas como as – tão graves – do texto da CNBB. É indispensável especificar fatos e exibir provas.
“A enumeração de tais fatos e provas, a TFP aguarda, pois, com a consciência absolutamente tranquila. E, ademais, disposta a defender sua honra perante a opinião pública, em toda a extensão do legítimo e do necessário. E isto ainda que – ó dor! – quando tal defesa deve exercer-se em relação a sagrados Pastores”.
São Paulo, 20 de abril de 1985
Paulo Corrêa de Brito Filho
Diretor de Imprensa da TFP
ÓRGÃOS DA IMPRENSA ocidental têm procurado apresentar a China de Deng Xiaoping, nos últimos meses, como um país que rejeitou o socialismo e está adotando o sistema capitalista.
Na realidade, em que consiste o "capitalismo" de Deng? O camponês produz antes de tudo para o Estado, tal como na Rússia. Aquilo que produzir além do que exige o Poder Público, o lavrador poderá utilizar como próprio bem. Mas qual é a cota exigida pelo Estado? Nenhuma autoridade chinesa esclarece. Sabe-se que é altíssima, segundo os hábitos socialistas.
Fala-se também, de um modo um tanto vago, em estímulos para os mais capazes a fim de se obter melhor produtividade, além de liberdade de movimento para a mão-de-obra em todo o país. Não se esclareceu, contudo, se tal "movimento" representa verdadeira liberdade de emprego, o que significaria então uma transformação na linha capitalista.
Assim sendo, tais "reformas" até agora não passam de palavras vagas que podem servir de biombo para velar a manutenção do status quo do socialismo chinês.
Entretanto, as decantadas "reformas", alardeadas por uma considerável encenação publicitária própria a impressionar o Ocidente narcotizado e otimista, estão surtindo efeito. Já fluíram para a China vermelha significativas somas em investimentos. Tecnologia, processos de produção e cientistas do mundo capitalista estão indo socorrer o país, atolado numa situação de primitivismo e penúria.
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Para enganar mais facilmente os incautos do Ocidente, a encenação precisa causar impacto: na China de hoje dança-se o "rock", usa-se "blue jeans", bebe-se Coca-Cola, expõem-se nas vitrines rádios de pilha, aparelhos de TV, máquinas fotográficas, e até abrem-se discotecas...
Entretanto, na essência, quase nada mudou desde os tempos de Mao Tsé-Tung, de modo particular no tocante ao antinatural igualitarismo marxista. O próprio Deng, numa conferência pronunciada no Instituto de Ciência e Tecnologia de Pequim, em princípios de março último, afirmou: "Nossa meta é o socialismo". Observou ainda que as reformas em curso no país "visam a prosperidade chinesa, e não a criação de uma nova classe média". E acrescentou: "Se nossa política resultar em duas classes é porque fracassamos. Se ela produzir uma nova classe capitalista é porque demos a mão para o diabo".
Na China vermelha, tanto camponeses como intelectuais submetidos ao processo de regeneração', em seu trabalho agrícola, fazem tarefas com as próprias mãos.
Na época de Mao, os intelectuais, para se "curar" definitivamente de seu "complexo de letrados", passaram a sofrer - segundo as palavras do falecido tirano - um "longo e doloroso processo de regeneração-.
Não bastava aos intelectuais obedecer. Deviam eles comportar-se como se estivessem imensamente felizes. O jornalista francês Lucien Bodard transcreve a propósito, em sua obra "La Chine du Cauchemar" (Editions Gallimard, traduzida pela Editora Meridiano, Lisboa, 1964, pp. 189-190), trechos impressionantes da carta do licenciado Li Feng, publicada no órgão oficial do Partido Comunista chinês:
"Numa manhã comecei a espalhar estrume humano num campo. Compreendi, olhando os outros trabalhadores, que o melhor instrumento ainda são as mãos. Com elas enchi até acima um cesto de palha que tentei pôr ao ombro, mas com dez quilos de 'coisas' de que estava cheio, o cesto ficou-me à altura do peito. Comecei então a espalhar o estrume com as mãos pelo chão...
Contudo, em menos de um mês o estrume tornara-se para mim e para os outros intelectuais uma riqueza e um tesouro. Um dos meus camaradas, que a princípio tínhamos alcunhado de 'menina' por causa de seu ar enjoado, dizia mesmo:
'Começo a sentir mesmo simpatia pela matéria' E era verdade: quando, à beira do caminho, vimos os montes alinhados como num desfile, sentimo-nos orgulhosos. Que grandioso salto para a frente não provocará este espetáculo na nossa ideologia! Um entusiasmo ultrapassara tanto as nossas previsões como as dos camponeses".
Lucien Bodard, que conheceu in loco a China maoísta, a respeito dos termos dessa inacreditável missiva comenta: "Pobres intelectuais do estrume! A que baixezas não têm de sujeitar-se para mostrar a sua 'boa mentalidade' e apressar assim o regresso à civilização! Mas as autoridades são desconfiadas, e para as convencer é necessário ser genial na abdicação. Leva tempo a chegar ao ponto de dar a nota justa nas suas ações, palavras, exclamações de alegria e arrependimento. A estadia no campo dura anos e por vezes não acaba".
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Quando os jornais do Mundo Livre anunciam as "transformações" da China de Deng, nada falam sobre o "doloroso processo de regeneração dos intelectuais". E muito menos informam se naquele país se enaltecem as excelências do trabalho intelectual. Compreende-se este silêncio pois, em seus princípios, a China de hoje continua tão marxista quanto a de Mao. E constitui um desses princípios o estabelecimento de um igualitarismo feroz até mesmo entre homens que exercem atividades essencialmente desiguais.
Como por sua própria natureza o trabalho intelectual é superior ao manual, cumpre rebaixá-lo, humilhar aqueles que o exerceram e extirpar definitivamente seu "complexo de letrados"!
Infelizes intelectuais chineses, que se destacaram da massa dos trabalhadores manuais! Na China vermelha - esteja ela subjugada a Mao ou a Deng, pouco importa - a "conaturalidade" com o estrume os "compelirá" a rejeitar a superioridade do trabalho intelectual sobre o manual...