| ENQUANTO MILHÕES DE INOCENTES SÃO ASSASSINADOS... | (continuação)
do "horóscopo para cachorros". "Afinal de contas – diz ela – eles vivem sob as mesmas estrelas que nós".
A fleugmática Holanda nos revela um absurdo maior. Pelas páginas do semanário "Nieuwe Revue" (13/1/84), de Roterdam, tomamos conhecimento da existência da "Frente de Libertação dos Animais", que ameaçou envenenar no último Natal todos os perus, frangos e coelhos expostos nos supermercados, em protesto contra este "abuso feito aos animais".
Na velhice e na morte, também o "desvelo" e o "amparo" envolvem os animais. O importante diário "La Prensa", de Buenos Aires, nos informa que na Bélgica já está funcionando, desde 1979, um asilo para cavalos velhos. Cerca de 45 mil dólares são gastos mensalmente com os corredores aposentados. "Um veterinário visita o local diariamente, para atender aos enfermos e fazer check-up nos sãos. Leva consigo um fichário, onde anota a circulação sanguínea, o ritmo cardíaco, estado das articulações etc. O amor pelos animais é tão grande que há casos de pessoas que compram os cavalos às portas do matadouro, para enviá-los a este asilo onde a morte lhes chegará num ambiente de máxima felicidade".
E até nas seções necrológicas de alguns órgãos de informação os animais figuram lado a lado com os homens. A revista "Veja" (5/12/84), por exemplo, trouxe recentemente a notícia do falecimento de Miss Baker. Trata-se de uma macaca que havia sido enviada ao espaço, morta por "complicações renais agravadas por sua idade avançada".
Cemitérios de cães, os há por todo o mundo – Brasil, Austrália, Portugal, Colômbia e Estados Unidos, por exemplo. Epitáfios como este adornam os luxuosos túmulos de cães de Lisboa: "Bonequinha querida dos donos, jamais serás esquecida. Eternas saudades". Em Sidney, Austrália, há nas tumbas dizeres que terminam assinados por "papai e mamãe" (Cfr. "The Sydney Morning Herald", 7-1-84).
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Eis, caro leitor, uma pequena mostra, colhida nos últimos anos, do farisaísmo de nosso século: enquanto milhões e milhões de seres humanos, inocentes e indefesos, são assassinados por seus próprios pais sem que um clamor se erga em sinal de protesto, pelo mundo inteiro os animais vão assumindo toda a sorte de pseudodireitos e privilégios...
Símbolos, sem dúvida, de uma decadência que começou quando, nos fins da Idade Média, os homens desviaram seus olhos de Deus, voltando-os para si mesmos. O humanismo renascentista triunfou: os chamados "direitos do homem" foram o decálogo da Revolução Francesa; o comunismo "salvador" veio para terminar a "exploração do homem pelo homem"...
Eis-nos no fim do processo: o homem matando o fruto de suas entranhas, cometendo assassinatos de seres criados à imagem e semelhança de Deus, enquanto glorifica, de modo irracional, o mundo irracional dos animais!
Mais um peso, por certo, na balança da Justiça de Deus. Do Deus que tanto nos ama, a ponto de se ter feito Homem e habitado entre nós...
Pedro Paulo de Figueiredo - nosso correspondente
MADRI — A Santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo oferecido sobre nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do sacrifício da Cruz. Entretanto, há quem a considere tema para representações teatrais grosseiras e blasfemas.
"Catolicismo", em sua edição de julho do ano passado (n.º 403) já noticiara uma reconfortante manifestação de desagravo a Nosso Senhor Sacramentado, realizada em 5 de maio daquele ano, no centro de Madri. Tal ato foi organizado pela associação de leigos "Campanha Nacional de Oração" e teve como objetivo principal, além dessa reparação, protestar contra a representação de uma ignóbil peça teatral intitulada "Teledeum", que havia sido encenada duas semanas antes na capital espanhola.
Sócios e cooperadores da TFP-Covadonga participaram do ato, envergando suas capas e portando estandartes da entidade. Cooperadores desta conduziram, durante a procissão efetuada no decorrer da cerimônia, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima.
A companhia de teatro "El Joglars", da Catalunha (Espanha), voltou a representar, com o apoio de várias organizações socialistas, a mencionada "Teledeum", precisamente nos primeiros dias da quaresma deste ano em Valência, Algeciras, Sevilha, Jerez e outras cidades espanholas.
Com o objetivo infame de ridicularizar o Ofertório, na peça blasfema aparece um "celebrante" dizendo que em seu país utilizava-se para a Consagração um produto chamado "catchuperist", substituto vantajoso do vinho e do pão, de cor vermelha, sem cheiro e sem sabor, de consistência parecida com o molho de tomate conhecido pelo nome de "catchup".
Em seguida, uma "freira celebrante" faz uma espécie de sanduiche com duas hóstias grandes sobre as quais verte o "catchuperist". Enquanto as come e as oferece a outros, um dos atores refere-se a esse alimento dizendo que ele "não era mais do que um asqueroso hamburguer MacDonald".
Em outro momento, uma pomba (símbolo do Espírito Santo) que preside a "celebração" é grotescamente empurrada por um dos "celebrantes", que a insulta usando termos dos mais baixos.
Reagindo contra tais práticas blasfematórias, membros da TFP espanhola - Sociedade Cultural Covadonga saíram às ruas de Sevilha, durante dois dias consecutivos, distribuindo milhares de textos de um manifesto que protestava contra a mencionada representação sacrílega. O volante convidava também os sevilhanos a fazer um ato de desagravo ao Santíssimo Sacramento.
Numerosos transeuntes, ao passarem pelo grupo de cooperadores da TFP-Covadonga que distribuíam o manifesto, paravam para ler o cartaz transportado por eles, cujos dizeres eram os seguintes:
"A TFP-Covadonga protesta com a maior indignação — diante de Deus e dos homens — contra a obra teatral blasfema 'Teledeum', que voltará a ser representada esta tarde em Sevilha.
"Nesse espetáculo, que é uma burla obscena do Santo Sacrifício da Missa, não se poupam as maiores ofensas à Sagrada Eucaristia quando aparece uma 'freira' a comer hóstias com molho de tomate.
"Perguntamos-te, sevilhano: Como achas que isto pode ser recebido na Corte Celestial? Não temes que a profanação do Santo Sacrifício da Missa, efetuado para regozijar e alegrar alguns, venha a diminuir sobre ti e sobre tua família a difusão das misericórdias de Deus? Ou, ainda, que fiquemos expostos a algum castigo?
"Por isso, os membros da TFP-Covadonga estarão em vigília de desagravo ao Santíssimo Sacramento durante a realização do ato.
"Sevilhanos: associai-vos a este desagravo, pelo menos com uma breve oração interior".
Aos pés da Virgem Imaculada, na Praça do Triunfo, a TFP-Covadonga encerrou a campanha com a recitação do Santo Rosário, para agradecer à Mãe de Deus as numerosas manifestações de apoio recebidas, prova de que ainda existem muitos espanhóis dispostos a impedir que sua nação seja descristianizada.
Em Valência, o Arcebispo D. Miguel Roca Cabanellas difundiu uma nota condenando a representação e lamentando o apoio que deram a ela alguns organismos oficiais. Entidades daquela cidade, tais como a Adoração Noturna e as Mães Católicas, efetuaram atos de desagravo ao Santíssimo Sacramento.
Também foi digna de menção e aplauso a queixa pública apresentada contra essa peça aos tribunais, e que contou com a adesão de mais de 500 pessoas.
Eduardo Queiroz da Gama
O CHEFE do governo nicaraguense, Daniel Ortega, aproveitou sua recente viagem ao Brasil (realizada com o objetivo de assistir à transição do poder em Brasília, em março último) para capitalizar prestígio, de que anda tão carente o regime sandinista, bem como para prosseguir em sua "cruzada" contra os Estados Unidos.
Antes dessa viagem, Ortega visitou nosso país em fevereiro de 1980, a convite da Arquidiocese de São Paulo. Nessa ocasião, participou da "Noite Sandinista" realizada no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde — juntamente com outros guerrilheiros nicaraguenses — insuflou a luta de classes no Brasil, conclamando os membros das Comunidades Eclesiais de Base — CEBs — e religiosos de esquerda a seguirem o exemplo da Nicarágua. Ou seja, instigou a guerrilha no Brasil (cfr. "Catolicismo" n°. 355-356, julho-agosto de 1980).
De Brasília, o líder sandinista seguiu para o Rio de Janeiro, onde permaneceu dois dias, tendo sido festivamente recepcionado pelo governador Brizola e políticos esquerdistas daquele Estado.
O fato de a revolução comunista ser impulsionada pela burguesia e pela "intelligentsia" de esquerda tornou-se patente uma vez mais, na capital carioca. Embora procure se inculcar como representante da pretensa "revolução das massas", Ortega foi homenageado por um grupo de artistas e "intelectuais" esquerdistas em luxuosa recepção realizada na mansão da Sra. Clara Mariani. Talvez por sentir tal contradição, Chico Buarque declarou: "É uma festa alegre, de elite, é certo. Podia ser popular, mas isso estamos pensando fazer em São Paulo" ("Jornal do Brasil", 20-3-85).
Estiveram ainda nesse ágape burguês dois conhecidos personagens da "esquerda católica": Frei Leonardo Boff, teórico da "Teologia da Libertação", e Frei Betto, o religioso dominicano vinculado na década de 70 ao líder comunista guerrilheiro Marighella. Ou seja, a "teoria" e a "prática" da "libertação" rumo ao marxismo. "Libertação" da qual a Nicarágua sandinista tem sido apontada como aplaudido exemplo pela própria "esquerda católica".
Daniel Ortega foi também homenageado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Após um fraseado inócuo, o governante nicaraguense apontou a juventude sandinista como modelo para os estudantes cariocas, afirmando que na Nicarágua os jovens estão incorporados à produção e ao combate pela defesa da revolução (cfr. "O Globo", 26-3-85). Ele omitiu qualquer referência aos processos despóticos de tal "incorporação".
No extenso programa que cumpriu em São Paulo, Daniel Ortega encontrou-se com o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano (seu anfitrião em 1980), com quem manteve conversa particular de cerca de uma hora, no dia 21 de março.
No dia de sua chegada a São Paulo (20 de março), o governante nicaraguense foi homenageado na Câmara Municipal. O público de aproximadamente 500 pessoas que lá se encontrava era constituído principalmente por sacerdotes, religiosas, membros das CEBs, sindicalistas e pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores. Na noite do dia seguinte, Ortega foi homenageado em sessão extraordinária na Assembleia Legislativa paulista.
Entretanto, um dos episódios mais importantes da permanência de Ortega em São Paulo foi certamente sua visita ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo.
A mesa que presidiu a sessão no sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo: Lula, Daniel Ortega, Jair Meneghelli, Aron Galante (Prefeito de São Bernardo), Ramiro Meves (Presidente da Câmara Municipal), D. Cláudio Hummes (Bispo de S. André) e Frei Betto.
Jair Meneghelli (presidente da CUT - Central Única dos Trabalhadores –, bem como daquele sindicato) e Lula (presidente nacional do PT e diretor do mesmo sindicato) prometeram se empenhar para que o governo brasileiro venha a auxiliar financeiramente o regime comunista da Nicarágua.
Em seu discurso (*), Meneghelli declarou:
(*) Foram feitas ostensivamente gravações de todos os discursos pronunciados durante as sessões de homenagem a Ortega, em São Paulo. De tais gravações esta redação possui as fitas correspondentes.
"Espero com muita força, com muita garra, que este novo governo atue com muito mais objetividade, com muito mais coragem em relação à política de solidariedade à Nicarágua. Uma solidariedade política, mas antes de mais nada uma solidariedade financeira".
E o Presidente da CUT revelou ainda qual é, a seu ver, o sentido das greves sindicalistas em nosso Pais: "Presidente Ortega, aqui no Brasil, a cada greve que nós realizamos, a cada comissão de fábrica que nós conquistamos, a cada trabalhador que é conscientizado, é um germe, é uma semente de um processo histórico; de um processo que o povo nicaraguense, vizinho de nosso país (sic), dá demonstração para toda a América Latina: de que, definitivamente, os povos têm que conseguir a sua libertação".
Não há dúvida de que o líder sindicalista considera a Nicarágua sandinista um modelo para o Brasil, e a luta sindical um esforço rumo a esse ideal.
Lula, o presidente do PT, augurou o apoio do novo governo brasileiro ao país centro-americano: "Queríamos dizer ao companheiro presidente da Nicarágua que tudo faremos .... para garantir e para exigir do nosso governo não apenas a solidariedade diplomática, mas