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| NA ESPANHA SOCIALISTA, ENSINO PRIVADO EM VIAS DE EXTINÇÃO | (continuação)

obrigados a fechar suas portas, devido ao estrangulamento econômico do ensino privado. Já explicamos acima como vem se efetuando tal estrangulamento.

Vai assim a Espanha caminhando tristemente rumo à Escola estatal de estilo russo ou cubano.

A oposição dialogante

Em 18 de novembro último mais de um milhão de pessoas desfilaram em Madri em protesto contra a LODE e pedindo liberdade de ensino.

A reação à LODE - descrita, de modo pormenorizado em nossa edição de março do ano passado (2) - foi constituída por manifestações de diversas organizações representando os religiosos dedicados ao Ensino (FERE), os proprietários de estabelecimentos de ensino (CECE), os Sindicatos Independentes de Ensino (FSIE), as Associações Católicas de Pais e Alunos (CONCAPA), bem como a oposição nas Cortes e publicações privadas especializadas.

Enquanto surgiam tais manifestações de protesto, a cúpula episcopal iniciou o diálogo com o PSOE e o Ministro da Educação, José Maria Maravali, sem conseguir, entretanto, abafar o mal-estar difuso que se notava em todo o país.

Em dezembro de 1983 e em fevereiro de 1984, foram realizadas passeatas-monstro em Madri e outras cidades protestando contra o projeto, sem a presença de membros do Episcopado.

As entidades católicas, pressionadas pela Conferência dos Bispos, desviaram a reação, reivindicando uma "terceira via" - o chamado "pacto escolar" - que na prática aceitava o essencial da LODE e propugnava a cogestão como meio de deter a ofensiva autogestionária do socialismo. Parece desnecessário ressaltar o desacerto da manobra, pois a cogestão é também uma fórmula inteiramente inaceitável por ser ineficaz e nociva.

O mais recente lance da oposição à LODE ocorreu no dia 18 de novembro último, quando já aprovada a lei pelas Cortes. Mais de um milhão de pessoas de toda a Espanha desfilou debaixo de chuva pelas ruas de Madri, pedindo liberdade de ensino e... o "pacto escolar". Pouquíssimos sacerdotes e religiosos compareceram a essa manifestação, a maior da história espanhola. Nenhum Bispo esteve presente.

"El País", jornal de maior tiragem na Espanha, poucos dias antes dessa maciça marcha de oposição ao socialismo, informava que a cúpula episcopal dialogante ameaçou desaprová-la de público, caso viesse a se transformar num ato político antigovernamental ("El País", 17-11-84).

A extraordinária afluência de público, inconformado com os rumos que vai tomando o país, contrasta com as palavras de ordem transmitidas pelas entidades organizadoras da manifestação: a marcha deveria realizar-se em silêncio e sem cartazes "com inscrições lesivas a pessoas ou instituições" (leia-se "políticos e partidos socialistas"). Serviços de ordem estiveram muito atentos para evitar excessos ("Ya", 19-11-84).

Prepotente, o governo acusou os manifestantes de terem faltado com respeito ao Parlamento, além de qualificar a manifestação como provocação contra a independência do Tribunal Constitucional, ao qual apelara a oposição parlamentar. Há mais de um ano o referido tribunal está julgando tal recurso contra a LODE.

Contando com maioria de votos nas Cortes, o governo socialista simplesmente ignorou esses protestos e vem aplicando a assim chamada tática do "rolo compressor".

A aprovação do aborto e da LODE constitui verdadeira bofetada desferida nos católicos que votaram no PSOE na eleição de 1982, e uma comprovação das vantagens que o socialo-comunismo vem auferindo com a tática psicodulcificante - empregada pela Hierarquia eclesiástica espanhola - do sorriso e da mão estendida a seus adversários.

Resistência ou convergência capitulacionista?

A atitude dialogante do Episcopado em relação ao PSOE, a proposta de uma "terceira via" - na realidade, um paliativo e mesmo engodo para a opinião católica - que não fira a suscetibilidade dos governantes socialistas, e o mutismo imposto aos manifestantes pertencentes a um dos povos mais borbulhantes de vitalidade e pugnacidade da Terra, são sintomas de que a manobra de convergência e capitulação infelizmente parece ganhar terreno. Ela é bem o contrário da resistência, impregnada de espírito heroico e cristão de que deram mostras, entre outros, um Cid Campeador e um São Fernando de Castela durante a Reconquista. Resistência que hoje em dia entusiasmaria e arrastaria os verdadeiros católicos da Espanha e do mundo inteiro.

Que Nossa Senhora do Pilar desperte essa fibra católica da gloriosa nação ibérica e a torne vitoriosa contra seus inimigos, nessa hora de terrível provação.

NOTAS:

(1) Cfr. "TFP-Covadonga: El Socialismo español y la doctrina tradicional de la Iglesia - Carta Aberta al PSOE", "ABC" Madri, 22-10-82.

(2) "Rolam as cabeças nas escolas espanholas", Santiago Fernandez, "Catolicismo", no 399, março de 1984.


Na Alemanha, museu dos açougueiros

O Museu do Açougue de Boblingen foi instalado numa bela casa de estilo enxaimel, edificada entre 1580 e 1590.

A FIM DE DOCUMENTAR e apresentar ao público as tradições de seu ofício multissecular, a corporação dos açougueiros de Boblingen, localizada na cidade de Stuttgart, na Alemanha Ocidental, inaugurou recentemente um museu do açougue, único no gênero em toda a Europa. Para comemorar sua abertura, os açougueiros de Boblingen fabricaram uma enorme linguiça de 450 metros de comprimento, pesando 560 quilos, que foi transportada em carroça pela cidade e consumida aos bocados pelos espectadores que assistiam ao desfile, ao preço de 5 marcos o pedaço... O dinheiro arrecadado destinou-se a uma obra de assistência a crianças desamparadas.

O desfile que acompanhava a "quilométrica" linguiça era composto por bandas de música, grupos de cavaleiros, delegações portando seus estandartes e carros alegóricos. O cortejo dirigiu-se ao prédio onde seria instalado o museu. Trata-se de uma linda casa de estilo enxaimel, construída entre 1580 e 1590, que oferece uma moldura muito digna e adequada para abrigar a história da secular profissão.

Cerca de mil pessoas do país e do exterior foram oficialmente convidadas e estiveram presentes à cerimônia de inauguração do museu. Numa área de 340 metros quadrados, distribuídos por três andares do prédio, foram expostos temas diversos relacionados com a carne.

No andar térreo, veem-se objetos relacionados com a produção e venda do produto. O visitante pode acompanhar ali o processo das mudanças de venda, da Idade Média aos nossos dias: desde a "oferta do animal inteiro" até a atual venda de partes e pedaços. É apresentado também o contínuo aperfeiçoamento da fabricação de linguiça, cujas variedades hoje oferecidas são incontáveis.

No primeiro andar os açougueiros expuseram os objetos preciosos da história de suas corporações: taças decorativas, cálices, estandartes, brasões, selos e sinetes. No segundo andar é exposta uma documentação referente à "arte gráfica da profissão" (Agência Boa Imprensa - ABIM).


A TFP ALERTA O PAÍS PARA O AGRO-REFORMISMO IGUALITÁRIO

DENTRO DE poucos dias a TFP porá à venda o estudo: A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista.

O texto é de autoria do grande pensador católico tradicionalista Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e do distinto economista Carlos Patrício Del Campo.

Do ponto de vista da doutrina social católica e do atual contexto socioeconômico brasileiro, analisa ele de modo sereno, penetrante e documentado, o Estatuto da Terra (ET) e o Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) do Governo José Sarney.

A argumentação dos autores demonstra que a eventual aplicação da reforma agrária nos termos do ET e do PNRA constituiria impressionante passo no caminho do socialismo. E, ademais, tal eventualidade conta desde já com o franco apoio do PCB e do PC do B, bem como do "Pravda" de Moscou, que transcreve o seguinte despacho da Agência Tass:

"Rio de Janeiro — Acaba de realizar-se, nesta cidade, uma reunião dos quadros diretivos do PCB. Em mais de 60 anos de existência, apenas por um período insignificante esse Partido permaneceu na legalidade. Após a revolução de 1964, foi ele obrigado a atuar clandestinamente, e a primeira reunião legal de sua direção é tomada no país como um marco notável na vida dos comunistas brasileiros.

"No documento resultante da reunião destaca-se que os comunistas consideram tarefa fundamental garantir a unidade de todas as forças progressistas do país.

"Atualmente — diz o documento — o PC preconiza o fortalecimento da luta contra a inflação, a realização da reforma agrária, a estabilização dos níveis salariais, o direito à greve, a maior aplicação de capitais nas empresas estatizadas, a revisão do sistema de impostos e outras medidas econômico-sociais correspondentes aos interesses das massas trabalhadoras" ("Pravda", 5-6-85).

O livro demonstra também a grave inoportunidade dessa aplicação, a qual já vai despertando polêmicas potencialmente cada dia mais acesas em vista da crise religiosa que assola presentemente a Cristandade. A tal propósito, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira focaliza a relação da controvérsia agro-reformista com os erros apontados pela Santa Sé em certos filões de adeptos da Teologia da Libertação, bem como na obra do teólogo Leonardo Boff. Nesta perspectiva, menciona também ele a "inconformidade" declarada face ao ato da Santa Sé por cerca de vinte Srs. Bispos brasileiros. E, analogamente, por múltiplas organizações católicas de leigos. O que o autor qualifica de "sem precedentes" na História do Brasil.

O novo estudo da TFP é um apelo ao Governo federal para que tome urgentes medidas no sentido da revogação do ET e do PNRA.

A publicação, de vibrante atualidade, profusamente argumentada e documentada, estará à venda dentro de poucos dias.


TFP PEDE DILATAÇÃO DE PRAZO DE DEBATE SOBRE REFORMA AGRÁRIA

O PROF. PLINIO Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou há pouco carta ao Presidente José Sarney, na qual ponderava que o prazo de 30 dias concedido pelo governo para o debate relativo ao recente Plano Nacional de Reforma Agrária era absolutamente exíguo. E solicitava ao chefe do Executivo, interpretando os anelos de todos os sócios, cooperadores e correspondentes da entidade, que o prazo fosse ampliado desde logo para 90 dias.

Transcorridos cerca de 15 dias, o Presidente do Conselho Nacional da TFP dirigiu nova missiva ao primeiro mandatário do País, tendo em vista que o interesse nacional pelo tema da Reforma Agrária está tomando proporções sem precedentes.

Acentua o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que nosso intuitivo povo "já se deu conta de que a aplicação do Estatuto da Terra e do PNRA desfechará de imediato na mais profunda e revulsiva transformação ocorrida no País desde a Independência".

Ressalta ainda que, fazendo ato de esperança na efetividade da abertura política em curso, o Brasil todo aspira a um grande debate sobre o assunto, proporcional à extensão do PNRA, cujos artigos e parágrafos são prenhes de graves consequências. E vão despertando na lavoura apreensões justificadas e dia-a-dia generalizadas.

Em face disso, o missivista reitera o pedido feito na carta anterior, propondo a dilatação do prazo de debate sobre o documento, de 30 para 90 dias.

A missiva lembra que ninguém ignora a luta que, há mais de vinte anos, a TFP desenvolve contra a Reforma Agrária, com irrepreensível respeito à Lei. Assim, no mencionado pedido o Presidente da República poderá ver a expressão de um desejo comum a quantos, nos mais variados pontos do território nacional, têm manifestado paralelamente seu descontentamento e suas objeções à Reforma Agrária.

Por fim, ao Presidente do Conselho Nacional da TFP parece compreensível que os patrícios agro-reformistas só possam somar seu coro à solicitação de uma dilatação do prazo. Pois, quem está persuadido do bom fundamento da causa que sustenta, não pode deixar de considerar favoravelmente qualquer oportunidade para manifestar seus argumentos.


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