| MATÉRIA DE CAPA | (continuação)

o progresso sem a tradição seria um empreendimento temerário, um salto no escuro.

“Não, não se trata de remar contra a corrente, de retroceder para as formas de vida e de ação de idades já passadas, mas sim de, tomando e seguindo o que o passado tem de melhor, caminhar ao encontro do porvir com o vigor imutável da juventude.”17

O livro alcançou extraordinária repercussão internacional

Esse último livro escrito por Plinio Corrêa de Oliveira — publicado em português, alemão, espanhol, francês, inglês e italiano e com lançamentos fulgurantes em cidades da Europa e dos EUA — teve excepcional repercussão em muitos países, recebendo louvores de eminentes personalidades, como, por exemplo, dos Cardeais Alfons Stickler, Bernardino Echeverría Ruiz, Mario Luigi Ciappi e Silvio Oddi. Outras personalidades, como os grandes teólogos Pe. Anastasio Gutiérrez, CMF, Pe. Raimondo Spiazzi, OP e Pe. Victorino Rodríguez y Rodríguez, OP também louvaram a magistral obra.

A ela, evidentemente, a mídia não poupou críticas. Até o jornal comunista L´Unità não passou em branco. Esse periódico italiano noticiou o lançamento da obra em Roma em dois artigos de sua edição de 3 de novembro de 1993. Num deles, assinado por Enrico Vaime, comenta o evento e a transmissão feita por TV italiana, assinalando com irritação que a aristocracia romana reapareceu “com um programa ornado pelas condessas, sobre um estandarte carmesim: Tradição, Família e Propriedade”.

O outro comentário, assinado por Stefano Dimichele, destaca declarações da Princesa Pallavicini, nas quais ela afirma que, para a sociedade atual, “a única salvação é o retorno aos valores verdadeiros”. Ao que o jornalista pergunta: “E quais seriam, Princesa?”, apresentando em seguida a resposta por ela dada: “Tradição, Família e Propriedade, naturalmente” — direta referência à entidade fundada no Brasil pelo autor de Nobreza e elites tradicionais análogas.

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A igualitária, sanguinária e anticatólica Revolução Francesa pretendeu denegrir de uma vez por todas a nobreza e tudo aquilo que fosse enobrecido ou tivesse algum tônus aristocrático — do mesmo modo como a Revolução Protestante pretendeu destruir a hierarquia e o nobre esplendor da Santa Igreja e a Revolução Comunista empenhou-se em destruir os restos da sacral desigualdade na sociedade temporal —, mas em nosso século, apesar de reinar o igualitarismo e a vulgaridade, a admiração pelas coisas nobres e quintessenciadas parece ressurgir das cinzas. Exemplo característico disso assistimos recentemente nos funerais da Rainha Elizabeth II e na coroação de seu filho, o Rei Charles III. Grandiosos eventos que despertaram não apenas nostalgia, mas grande admiração e emoção no mundo inteiro. A Revolução de 1789 guilhotinou os nobres, mas não conseguiu matar a imensa admiração por aquilo que é belo, nobre e elevado, como hoje podemos notar em todas as classes sociais.

Sem dúvida, com seu livro Nobreza e elites tradicionais análogas,* Plinio Corrêa de Oliveira atingiu o olho do alvo, contribuindo imensamente para o soerguimento de uma autêntica nobreza de sangue e de alma, e um recrudescimento religioso, moral e cultural em todos os níveis da sociedade, o que, com o beneplácito de Deus, redundará na restauração da Cristandade.

Notas: 1. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Artpress, São Paulo, 4ª ed., 1998, Cap. II, 1, p. 93. 2. Por “autênticas elites sociais”, o autor não considerava apenas os nobres, como historicamente se reconhece na nobreza europeia, mas a pessoas de todas as classes chamadas a exercer um papel de direção, sobretudo pela vida exemplar, em toda a sociedade. 3. Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Livraria Civilização Editora, Porto, 1993, Cap. VI, p. 100. 4. Alocução ao Patriciado e à Nobreza romana (PNR) de 1943, pp. 360-361. 5. Nobreza e elites tradicionais, Cap. I, p. 27. 6. Ad Patres Cardinales et Curieae Pontificalisque Domus Prelatos, imminente Nativitate Domini coram admissos, 21-12-84, Acta Apostolicae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, 1985, vol. LXXVII, nº 5, p. 511. 7. O Patriciado romano subdividia-se em duas categorias: a) Patrícios romanos, que descendiam daqueles que, na Idade Média, haviam ocupado cargos civis de governo na Cidade Pontifícia; b) Patrícios romanos conscritos, os quais pertenciam a alguma das 60 famílias que o Soberano Pontífice havia reconhecido como tais numa Bula Pontifícia especial, na qual eram citadas nominalmente. Constituíam o creme do Patriciado romano. A Nobreza romana também se subdividia em duas categorias: a) Os nobres que provinham dos feudatários, ou seja, das famílias que tinham recebido um feudo do Soberano Pontífice; b) Os nobres simples, cuja nobreza provinha da atribuição de um cargo na Corte ou então diretamente de uma concessão Pontifícia. Das alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, as de 1952 e 1958 compendiavam tudo quanto o Pontífice dissera nas anteriores. Em 1944 houve uma alocução extra, pronunciada em 11 de julho, na qual Pio XII agradeceu a famílias da Nobreza de Roma a oferta de uma generosa soma em dinheiro para ajuda aos necessitados. Entre 1953 e 1957, Pio XII não fez alocuções ao Patriciado e à Nobreza romana. Reatou-as, mais tarde, ao pronunciar uma alocução em janeiro de 1958. E faleceu no dia 9 de outubro desse ano. 8. Como exemplo de formação de elites tradicionais análogas no Brasil, veja o Apêndice I (da Parte II do livro). O autor narra o desenvolvimento das elites aristocráticas “No Brasil Colônia, no Brasil Império e no Brasil República: gênese, desenvolvimento e ocaso da ‘Nobreza da terra’”. 9. Nobreza e elites tradicionais, Cap. VII, p. 137 10. Op. cit., Cap. V, p. 76. 11. PNR de 1943, p. 347. 12. PNR de 1958, 709. 13. Nobreza e elites tradicionais, Cap. VII, p. 138. 14. O termo “Revolução” é usado no mesmo sentido que lhe é atribuído no ensaio Revolução e Contra-Revolução, do mesmo autor. Designa ele um movimento iniciado no século XV tendente a destruir a civilização cristã e implantar um estado de coisas diametralmente oposto. Constituem etapas desse processo a Pseudo-Reforma, a Revolução Francesa, o Comunismo nas suas múltiplas variações e na sua subtil metamorfose dos dias presentes. 15. Nobreza e elites tradicionais, Cap. V, p. 74. 16. Refere-se a Henrique Latour d’Auvergne, Visconde de Turenne, Marechal de França (1611-1675). 17. PNR de 1944, pp. 178-180; cfr. Documentos VI. * Esta obra pode ser adquirida no site da Livraria Petrus: https://livrariapetrus.com.br/produto/nobreza-e-elites-tradicionais-analogas/ . Encontra-se também disponível integralmente na seção “Livros” do site www.pliniocorreadeoliveira.info. Página seguinte