| HOMENAGEM | (continuação)

inadiável, de fazer os homens de bem capazes de vencer na política, para que a política rasteira, de transações e falcatruas, a política desvirtuada de seus nobres fins, não vencesse os últimos abencerragens da verdadeira moralidade púbica.

Soubestes ver na desídia dos católicos brasileiros em relação aos problemas políticos, a causa mater do deslustre do caráter dos nossos governantes. Soubestes ver até onde, e dentro de que limites, deveria a Igreja fazer chegar o seu benéfico influxo, através da ação do laicato católico.

Destes-vos, então, ao trabalho de cristianização da política brasileira. Fostes um dos fundadores da Liga Eleitoral Católica, contribuindo poderosamente, com vossa visão arguta, para a organização política dos católicos, dentro dos mais severos moldes traçados pelo Santo Padre; possibilitando, graças à vossa combatividade dinâmica e persistente, o alistamento, nas hostes da Liga, do mais numeroso eleitorado do Estado de São Paulo.

Mas o que refulge sobremodo, entre tais e tantas outras qualidades a destacar, é a espiritualidade de vossa ação política, graças sempre à submissão irrestrita à Igreja que é a vossa força, e que é devida a estardes completamente integrado no espírito do catolicismo.

Quanta iniciativa promissora tem falhado, quanta esperança desfeita, quantas personalidades de inestimável valor perdidas, por falta desse espírito.

Foi o que perdeu Lammenais, foi o que indispôs a Action Française com Roma, é a ameaça constante que pesa sobre aqueles que, impressionados com a desordem social do mundo moderno, preocupam-se excessivamente com os meios de ordem temporal para salvá-lo, com prejuízo por vezes da ação espiritual da Igreja, esquecidos da sobrenaturalidade e voltados apaixonadamente para as panaceias puramente humanas.

Era necessário, indiscutível, portanto, influir na elaboração da futura Constituição Brasileira. Quer queiramos, quer não, sempre seremos na nossa organização política o que quiserem os homens do poder. Seria por isso um crime, abandonar o terreno da ação dos legisladores para lutar por um programa mais perfeito, mas remoto, por realização de ideias mais completas, mas para já, irrealizáveis.

Seria sonhar com uma edificação impecável e abandonar a edificação real aos inimigos. Seria procurar preparar para um futuro evidentemente remoto, um regime perfeito, permitindo que o presente fosse tragado pelas insídias dos possuidores do poder, que se não formos nós, serão os nossos adversários, impossibilitando até quem sabe, esse ideal melhor que se desenha para tempos mais longínquos.

Por isso chegastes mesmo ao sacrifício penoso de muitas de vossas convicções pessoais. O mundo de hoje é incapaz de compreender o que seja o sacrifício de uma ideia... E por minha parte, sou incapaz de dizer aqui o quanto me comoveu este rasgo de vossa heroicidade cristã. Prefiro calar a recordar os transes difíceis por que passastes, expondo-vos à incompreensão dos outros, para servir eficazmente a Igreja.

Impregnado de espiritualidade em vossa ação, disposto a todas as renúncias na defesa dos interesses da Igreja, acenais aos moços católicos e aos demais companheiros de luta, o verdadeiro caminho a trilhar, para vencer.

Ainda ontem, eu vos via escrever a um amigo que vos pedia um autógrafo: “PRO ECCLESIA FIANT EXIMIA”.

Traçastes vós mesmo o rumo seguro que vos há de fazer chegar ao termo da jornada com a consciência tranquila de quem tem o dever cumprido.

Com esse lema, seguis para a Assembleia Constituinte carregado de responsabilidades. Responsabilidade de quem é o deputado mais votado em todo o Brasil. Responsabilidade maior ainda de quem representará 24.000 católicos da grandiosa terra paulista, e 5.000 jovens marianos do estado líder das Congregações Marianas no Brasil. Sereis, portanto, o pregoeiro mais autorizado das aspirações do catolicismo brasileiro e da mocidade de nossa pátria na magna assembleia.

Não me engano em dizer que estais à altura de tão grandes responsabilidades.

Nunca levastes uma vida de irresponsável. Digo com toda a franqueza que um dos traços de vosso caráter que mais me tem impressionado é a seriedade com que sempre encarastes todos os problemas da vida. Não conhecestes jamais a ironia. Sempre desprezastes o diletantismo. Fugistes com horror das futilidades corruptoras.

E por ter chegado até aqui, peço-vos a permissão de, ao terminar, lembrar o nome de uma pessoa que não é justo quede no olvido e que nos honra neste instante com sua presença, a exornar esplendidamente esta íntima festividade. E é porque, se soubestes até aqui ser um homem de responsabilidades, deveis, certamente, em grande parte, à vossa Mãe [Dona Lucília Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira].

Quantas vezes, as realizações fecundas duma grande personalidade não são o reflexo fiel do trabalho diuturno, constante, persistente das heroínas de um lar de quem só uma palavra pode dizer tudo — Mãe. É um segredo, é um mistério das mães essa capacidade para a renúncia, essa abnegação edificante que só elas sabem ter.

Quero crer que herdastes de vossa digníssima Mãe qualidades tão raras e tão preciosas. Bem sei que ela soube infundir em vós, pela educação severa e cuidadosa que recebestes, pelo seu carinho, por sua afeição extrema, por todo esse conjunto de virtudes que eu tenho a dita de conhecer e venerar — os dotes que vos tornaram quem hoje sois.

EXCELENTÍSSIMA SENHORA.

Vosso filho continua a nobre linhagem dos vossos ancestrais. Na sua nobreza de sangue e de espírito, tem sabido manter bem alta a tradição de que é herdeiro.

Recebei para Vós a saudação que lhe trazemos. Congratulamo-nos convosco na alegria íntima de que certamente estais possuída e da qual pedimos licença para respeitosamente participar.

Daqui a pouco tempo, acompanharemos as vossas orações feitas no recesso de um lar, na solidão de nossa capela. Teremos convosco, voltado o nosso pensamento para quem no Rio de Janeiro estará se desempenhando desta dupla investidura: a de defensor das reivindicações católicas e representante da mocidade brasileira, na Constituinte Nacional.

Não é só a mocidade de seus anos, que o vosso filho representará. Nem apenas a mocidade mariana de São Paulo. Mais do que isso, em Plinio Corrêa de Oliveira se aliam a mocidade da pureza, a mocidade da fé, a mocidade do idealismo com a pureza, a fé e o ideal do Catolicismo. O que ele representará sobretudo é a mocidade eterna da Igreja!


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