| IN MEMORIAM | (continuação)

empregados, indo aos batizados, casamentos, festas de aniversários, promovendo discretamente intensa mobilização social, estimulando com conselhos e iniciativas os que percebia mais dotados.

Ele foi, assim, empresário inovador de destaque. Mas também se notabilizou em outras esferas do convívio social e de atividades: salonné, conversador, criador, articulador e propulsor de iniciativas beneméritas sem contas, escora de jovens promissores necessitados.

Com o tempo, em especial por longas conversas e convívio intenso entre primos, Dr. Plinio introduziu Dr. Adolpho no mundo histórico que o atraía. De maneira preeminente, no Antigo Regime francês, sua educação, seu modo de ser, sua simplicidade e naturalidade aristocráticas, enfim mostrou para seus olhos encantados, um esplendor de civilização que foi engolido pelo cataclisma da Revolução Francesa. Aprendeu em tais conversas, além do tom, das horas das pausas e das ocasiões dos silêncios, e, mais geralmente, no convívio diuturno, a analisar ambientes, a ver fundo nas psicologias, a ajuizar personalidades e fatos históricos. Mais ainda, a ser católico de piedade autêntica e convicções sólidas.

A amizade, a admiração e o respeito atravessaram décadas, deram frutos, fizeram dele um batalhador notável pela ordem temporal cristã, homem de ação destacado que marcou o movimento católico. Sem o verniz que lhe proporcionou a convivência com Dr. Plinio, Adolpho Lindenberg nunca teria sido o jacarandá que inspirou e encantou a tantos no Brasil anos afora.

Convém notar, o convívio não aperfeiçoou apenas o homem de ação, criador de uma das mais conceituadas construtoras do Brasil e iniciador de boas iniciativas sem conta. Lapidou nele outro diamante, o do intelectual militante que publicou vários artigos e livros, dentre os quais cabe enumerar aqui Visão cristã do Mercado; Utopia igualitária — aviltamento da dignidade humana; O mercado livre numa sociedade cristã; Meu primo Plinio Corrêa de Oliveira.

Perenizaram seu pensamento a defesa das mais autênticas liberdades, a aversão a qualquer forma de totalitarismo, o entusiasmo pelo princípio de subsidiariedade, pelo regionalismo, pela vida social e econômica fundada sobre o instituto da família, pela propriedade privada amplamente difundida e pela iniciativa particular, estimulada até seus extremos naturais. Neste ponto, e em muitos outros, foi discípulo entusiasmado da doutrina social dos Papas, ensinada fundamentalmente por Pio XI e Pio XII.

Nos últimos 20 anos, à medida que as forças físicas o abandonavam paulatinamente, acrisolava em Dr. Adolpho o zelo pela difusão de doutrina e de insights que pudessem marcar beneficamente algum dia círculos de decisão, em particular nos países cristãos. Assim, ele presidiu, com sua presença fidalga e acolhedora, ao redor de sua mesa, um almoço semanal para cerca de oito pessoas, quando conversavam sobre todos os assuntos, mas cujo foco inamovível, posto no fundo do quadro, eram os interesses da Igreja, a ordem social cristã, os perigos atuais por que passam mundo afora os restos de Cristandade ainda vivos, as perspectivas boas e aproveitáveis que se abriam no presente. Muitas iniciativas de valor ali nasceram, outras foram aperfeiçoadas, fortalecidas e ganharam luz nova.

Numa só palavra, da infância à mais recuada ancianidade, Dr. Adolpho sempre buscou os píncaros.

Que Nossa Senhora o receba no Céu, proteja, perenize e fortaleça suas numerosas iniciativas na Terra, são os votos de todos os seus amigos e admiradores.

Santa Missa de corpo presente, celebrada na sede social do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Jazigo da família, no Cemitério da Consolação, coberto com dezenas de coroas de flores.
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