P.22-23 | VIDAS DE SANTOS |

São Gregório Barbarigo, confessor

De aristocrática família de Veneza que deu Cardeais à Igreja e Doges à República, bispo de Bérgamo e de Pádua, diplomata, conselheiro de Papas, pai dos pobres e desamparados, São Gregório Barbarigo teve São Carlos Borromeu como modelo de santidade. Plinio Maria Solimeo

Gregório João Gaspar era de uma família da aristocracia veneziana que havia dado dois doges à República de Veneza — Marcantonio, que reinou de 1485 a 1486, e seu irmão Agostinho, de 1486 a 1501. Um sobrinho do santo, João Francisco Barbarigo (1658-1730), seria também bispo e cardeal de Pádua. Já outro antigo membro da família, Ângelo Barbarigo (1350-1418), fora feito Cardeal da Santa Igreja em 1408. Consta que o Papa Gregório XII (1327-1417), famoso por ter renunciado ao papado, teria sido também aparentado com a família Barbarigo, que se extinguirá em 1804.

Diplomata – A Paz de Vestfália

Gregório João nasceu em Veneza no dia 18 de setembro de 1625. Sua mãe, Clara Lion, morreu de peste quando o menino tinha apenas dois anos. Coube ao pai, João Francisco Barbarigo, senador da República de Veneza e católico exemplar, o ônus de educar os filhos — cujo número desconhecemos — na senda da virtude.

Como desejava introduzir Gregório nos assuntos de Estado, obteve sua ida a Münster, na Alemanha, aos 18 anos de idade, como secretário do embaixador Alvise Contarini para as negociações preparatórias à Paz de Vestfália que poria fim à guerra na Europa.

Sobre essa tão controvertida Paz de Vestfália muito haveria a discorrer, mas para não fugir do propósito deste artigo, cingimo-nos a indicar dois links com interessantes informações (No final, veja as notas 1 e 2).

Estudos e sacerdócio

Quando chegou a Münster, o jovem Gregório procurou naturalmente travar contato com o Núncio Apostólico, Dom Fábio Chigi. Percebendo este os grandes predicados de Gregório, passou a tratá-lo com a mais alta estima e afeição, como amigo dileto, passando a guiá-lo nos caminhos do Senhor.

De volta a Veneza em 1646, três anos depois, Barbarigo continuou seus estudos na Universidade de Pádua, cursando grego, história, filosofia e matemática, obtendo em 1655 o doutorado em Utroque jure, quer dizer, no direito civil e no canônico.

Gregório pretendia tornar-se religioso, mas como seu protetor via nele todas as qualidades de um bom pastor, sugeriu-lhe que se fizesse sacerdote diocesano. Assim, ele recebeu a ordenação sacerdotal em 21 de dezembro de 1655.

Atribuições na Cúria Romana

Tendo o cardeal Chigi ascendido ao trono pontifício com o nome de Alexandre VII (busto ao lado) no dia 7 de abril de 1655, testemunha que era das altas qualidades do recém-ordenado sacerdote, convocou-o para Roma no início de 1656. Nomeou-o então seu Prelado doméstico e confiou-lhe vários outros cargos, inclusive o da direção da Corte de Assinatura Apostólica.

Pouco depois de o Pe. Gregório chegar à Cidade Eterna, a peste bubônica, que devastava a Europa, atingiu também Roma. O enérgico Papa isolou a cidade, proibiu que nela entrassem pessoas de áreas mais afetadas, decretou medidas sanitárias para circunscrever o efeito da peste, e colocou seu Prelado doméstico à frente de uma comissão especial destinada a proporcionar alívio aos empestados.

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