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CARTA DO DIRETOR

Caro leitor,

Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o primeiro Papa da Santa Igreja quando disse a São Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus” (Mt 16, 18-19). E confiou-lhe as chaves de ouro e de prata, símbolos do poder espiritual e temporal.

Catolicismo tem como logotipo um medalhão antigo dos Apóstolos Pedro e Paulo, a fim de ressaltar o quanto nossa publicação prima por defender a fé católica, apostólica, romana; e ao mesmo tempo, a nossa veneração aos Apóstolos, com especial menção a São Pedro, justamente por ter sido escolhido por Nosso Senhor para ser chefe dos Apóstolos e da Santa Igreja.

No próximo dia 29 é celebrada a festividade de São Pedro e São Paulo. Catolicismo já dedicou extenso artigo de capa a São Paulo (vide “São Paulo: O Apóstolo das Nações”, edição de junho/2008). Neste número dedicamos a matéria de capa a São Pedro, Príncipe dos Apóstolos.

Com esta homenagem, desejamos contribuir para o incremento de nosso amor e adesão à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana; amor e adesão crescentes e sem limites, que devem crescer ainda mais nos presentes dias, ante o avanço inimaginável dos seus inimigos. Com efeito, as vicissitudes humanas conduziram a Igreja a uma crise sem precedentes, depois que nela se instalou um “misterioso processo de autodemolição” após o Concílio Vaticano II (cf. Paulo VI, em Alocução de 7-12-68 aos alunos do Seminário Lombardo). O mesmo Pontífice voltou ao assunto, alertando para o fato de que “por alguma fissura tenha penetrado a fumaça de Satanás no templo de Deus” (Alocução de 29-7-72, na comemoração dos Apóstolos São Pedro e São Paulo).

Atravessando essa crise num mar tempestuoso, a nave de Pedro parece prestes a naufragar, soprada violentamente pelos abomináveis ventos do progressismo dito católico e pela pestilencial “fumaça de Satanás”. Mas, apesar dessa profunda crise, temos a certeza da vitória, alicerçada na promessa de Jesus Cristo: “As portas do Inferno não prevalecerão” contra a Igreja. Imortal, Ela perdurará até o fim dos tempos, com a assistência do Divino Espírito Santo.

Desejo a todos uma boa leitura.

Em Jesus e Maria,

Paulo Corrêa de Brito Filho

Diretor


PALAVRA DO SACERDOTE

Monsenhor José Luiz Villac

Pergunta — Tenho uma dúvida, e gostaria que fosse respondida pelo Monsenhor José Luiz Villac. Uma senhora que se encontra com câncer queria saber o significado das doenças, que Deus permite às suas criaturas. Se Deus é Deus, e temos fé nisso, como pode mandar doenças ou outras desgraças para pessoas que têm fé? Assim, elas podem ficar em dúvida quanto ao amor de Deus para conosco. Eu queria saber se de fato Deus deseja essas coisas ruins, ou se elas são mandadas pelo diabo.

Resposta — A pergunta do missivista toca num dos mistérios mais obscuros da nossa Religião, e ao mesmo tempo mais belos e consoladores: o mistério da Divina Providência, ou seja, a verdade de fé segundo a qual “tudo o que Deus trouxe à existência, Ele protege e governa” (Concílio Vaticano I), com vistas a dirigi-lo ao seu fim último.

A Providência inclui não somente o plano divino para o mundo — a ordem dos seres criados e a finalidade de cada um deles —, mas também a realização e execução desse plano. Isso Deus pode fazer de maneira imediata, ou seja, por um ato da própria vontade; mas também, e muito frequentemente, pela cooperação das criaturas, que por bondade Ele assim faz participar na execução de seu plano.

De fato, Deus é a Causa primeira de tudo. Respeitando a natureza dos seres que Ele criou, conduz sua Criação pelas causas segundas que estão presentes nela. Assim, os seres materiais são conduzidos por leis que Deus colocou na própria natureza; e os seres livres são guiados pela força da inteligência, da vontade e da consciência que Deus lhes deu, assim como pelas decisões das autoridades às quais eles devem obedecer. Dessa forma, em grande medida cada um é a providência de si mesmo: Ajuda-te e Deus te ajudará, diz sabiamente o provérbio. Mas um homem pode também ser a providência de outro homem, e isso é particularmente verdadeiro no que concerne aos pais em relação a seus filhos.

Beleza da confiança em Deus

De qualquer maneira, e mesmo sob a influência das causas segundas, nenhuma criatura pode subtrair-se ao plano divino do mundo. Bem ou mal, consciente ou inconscientemente, todas as criaturas cumprem o plano divino, porque todas O servem. Mesmo as leis físicas estabelecidas são submissas a Deus, porque só Ele pode suspendê-las, revogá-las ou mudá-las por meio de um milagre. O resultado é que a ordem divina do mundo foi fixada desde toda a eternidade. Tanto no conjunto quanto nos detalhes, a Providência é para nós um mistério, e só nos será revelado no outro mundo.

As Sagradas Escrituras estão repletas de testemunhos dessa verdade: “Tão estável como a terra que criastes, tudo subsiste perpetuamente pelos vossos decretos, porque o universo vos é sujeito” (Sal 118, 90-91). E Isaías põe nos lábios de Deus a seguinte proclamação da onisciência e onipotência divinas: “Desde o princípio eu predisse o futuro, anuncio antecipadamente o que ainda não se cumpriu. Meu plano se realizará, executarei todas as minhas vontades” (Is 46, 10).

Nosso Senhor Jesus Cristo mostra em suas parábolas como Deus tem uma providência geral para o mundo material e os animais: “Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros, e vosso Pai celeste as alimenta. Considerai como crescem os lírios do

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Legenda: “Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros, e vosso Pai celeste as alimenta.”