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| MATÉRIA DE CAPA | (continuação)

comum. Porém, foi envolvido com o Santo Sudário — um tecido de 4,42m x 1,13m semelhante ao tecido destinado para fazer as vestimentas alvíssimas com as quais o Sumo Sacerdote do Templo ingressava no Sancta Sanctorum onde estava a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei, na cerimônia mais santa e mais solene do ano, o Yom Kippur ou "Dia da Expiação", ou "Dia do Perdão". Essa máxima solenidade havia sido ordenada por Deus a Moisés (Lev 23-27). Contudo, a Arca da Aliança contendo as tábuas dos Dez Mandamentos estava desaparecida desde o século VI a.C., quando Jerusalém foi invadida por Nabucodonosor II, o rei da Babilônia que escravizou os judeus e os levou para a Caldeia.

O Sumo Sacerdote devia se apresentar revestido com uma sarja de linho puro em "espinha de peixe", ao que tudo indica vinda da Índia, desconhecida no Oriente Médio e que só se usaria na Europa a partir do século XV. Esse tecido requintadíssimo, o mais caro que se podia achar em Jerusalém, teria sido obtido no próprio Templo por José de Arimateia — homem riquíssimo, "discípulo oculto" e membro do Sinédrio — e entregue por ele, porque considerava que Jesus merecia um enterro digno de um rei e Sumo Sacerdote. Também providenciou o túmulo que tinha mandado fazer para si, exclusivo de pessoas muito ricas.

Nosso Senhor, pelo valor infinito de sua Redenção, agiu como o divino Sumo Sacerdote que com seu sacrifício redimiu a humanidade do pecado original. Era coerente que fosse envolvido nesse tecido simbólico da expiação.

Outros símbolos monárquicos no Sudário

No Santo Sudário também foram encontrados vestígios de unguentos usados no enterro dos reis, como os menciona o historiador Plinio o Velho (23-79 d.C.). A Dra. Marzia Boi [foto], professora da Universidade das Ilhas Baleares, aprofundou o estudo dos ritos dos sepultamentos reais no Mediterrâneo no século I e apontou os óleos, bálsamos e unguentos — entre os quais se destacava em alta proporção o pólen de Helichrysum, ou Sempreviva amarela [foto], além de Crisântemo e Amaranto, símbolos da imortalidade, que eram aplicados na preparação do corpo dos reis ou personagens de alta estirpe. Ela mostrou que o sepultamento de Nosso Senhor foi realizado com honras próprias aos reis, e implicava a "preparação do cadáver com bálsamos e óleos" do modo como foi feito.

Também o microscópio revelou tipos de flores que, "conforme está documentado desde remotos tempos", eram usualmente utilizadas nos enterros reais. Destacou os pólens de Helichrysum, láudano, terebinto, gálbano aromático ou lentisco. Esse uso estava de acordo com a estirpe régia de Jesus Cristo. E coube a Nossa Senhora, sua Mãe com o auxílio das santas mulheres, preparar o Santíssimo Corpo de seu Filho para a sepultura de acordo com os costumes da família real.

Sepultamento único, próprio a um rei

Tudo pesado e medido, o Prof. Rodríguez Almenar conclui que no caso do Homem do Santo Sudário "não se tratou de um sepultamento qualquer, mas se praticou um rito funerário próprio de um rei". Foram Nossa Senhora, princesa da casa de David, e as santas mulheres também de extração aristocrática, observantes da Lei de Moisés, que sabendo como agir com gente de alta extração, embalsamaram e envolveram o Divino Corpo no Santo Sudário sobre a Pedra da Unção hoje venerada na igreja do Santo Sepulcro.

O presidente do Centro Espanhol de Sindonologia conclui que todos os dados do Santo Sudário apontam que Jesus Cristo foi enterrado como um monarca. O contrário implica em achar que todos os dados cientificamente compulsados não fazem sentido.

A ciência sublinha assim, com suas descobertas, o valor infinito da Redenção obtida para a nossa salvação por um monarca supremo do povo eleito e o Sumo Sacerdote que foi Deus feito homem. As descobertas científicas no Santo Sudário inspiram reflexões próprias para a Semana Santa. Sendo Rei de todas as almas e implicitamente de cada pessoa, Jesus Cristo governa cada uma com a solicitude, o afeto e a atenção como se ela fosse a única alma sobre a qual Ele exercesse o seu império. Ele é o modelo de todos os reis ou chefes de Estado; é Rei de misericórdia e de amor, de um reinado que "não é deste mundo" (Jo 18, 36) com o intuito de levar cada alma a seu Reino verdadeiro que não terá fim.

O Santo Sudário como que reservou estas comprovações da Majestade suprema de Cristo-Rei para nossa época a fim de reavivar a lembrança da soberania universal de Jesus Cristo sobre as pessoas e os povos. Precisamente para nossa época, cada vez mais seduzida por opções falsas ou iníquas — sejam elas liberal-democráticas, libertárias ou socialo-comunistas ou, no campo religioso, falsos ecumenismos e relativismos concessivos às piores abominações morais, teológicas ou litúrgicas.



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