Cuba foi incluída, apesar de a sua economia ser tudo menos “emergente”...
Por sua vez, o ditador Maduro viajou pessoalmente a Kazan para pedir a Putin que incorporasse a Venezuela na lista de países membros [foto acima]. Sua intenção foi frustrada graças ao veto do Brasil. O mesmo aconteceu com a Nicarágua, que enviou uma delegação à reunião com o mesmo objetivo.14
No caso da Nicarágua, o veto do Brasil se deveu ao fato de aquela nação ter expulsado pouco antes o embaixador brasileiro por este não ter comparecido à celebração de um aniversário da revolução sandinista.
O que precede não impediu a Nicarágua de celebrar pouco depois um importante acordo com a China de Xi, mediante o qual entregou um megaprojeto de infraestruturas àquela nação. O jornal argentino Infobae noticiou que “a ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua selou esta segunda-feira vários acordos com empresas chinesas para desenvolver infraestruturas essenciais no país, consolidando a sua perigosa aliança com um regime autoritário como o de Xi Jinping, relação que tem sido sujeita às críticas internacionais pelo aumento do controle e da opressão em ambas as nações.”15
Por sua vez, a Venezuela orgulha-se do apoio que a sua ditadura encontra nos governos da China, da Rússia e do Irã e não há dúvida de que se não fosse o veto brasileiro à ditadura que causou o maior êxodo da história do Continente, já faria parte desse conglomerado, também conhecido como “clube da ditadura”16
Estas alianças entre países latino-americanos, cada vez mais críticos dos Estados Unidos, estão formando um bloco regional que desafia os valores ocidentais e representa sérias ameaças à ordem mundial e aos restos da civilização cristã nas nossas nações.
Em contraste com esta capitulação de vários países sul-americanos às políticas hegemônicas da China e da Rússia, destaca-se a atitude da Argentina que, cansada de várias décadas perdidas causadas por governos socialistas, decidiu optar por um Presidente de linha totalmente oposta.
É claro que, dado o lugar de destaque que a Argentina ocupa no conjunto das nações latino-americanas, a sua influência no sentido oposto ao que delineamos, assume particular importância. Esta importância é sublinhada pela rapidez com que este governo consegue escapar à espiral inflacionária em que o mergulharam sucessivos governos peronistas de Kirchner.
Os governos do Uruguai e do Paraguai tiveram uma influência positiva semelhante ao longo deste ano de 2024. Por sua vez, a eleição que deu a presidência a Daniel Noboa no Equador e fechou o caminho ao candidato do ex-presidente Rafael Correa, constituiu um passo na direção certa.
Resta saber qual será a mudança de rumo político no Uruguai após a ascensão de um novo presidente da esquerda naquela nação.
A afirmação do presidente Boric de que “os laços não fazem sentido para mim”, dada numa entrevista à revista Time seis meses após a sua ascensão à Presidência, resume a marca do seu governo:um chefe de Estado distraído, espontâneo, casual.
Tais características remetem à ideologia ‘acordada’, a qual, sem afirmá-lo, Boric e vários outros presidentes do Continente veem com simpatia.
No entanto, essas simpatias continuam a chamar a atenção para uma corrente ideológica que vem das universidades norte-americanas e se caracteriza por um liberalismo extremo, por parte de Chefes de Estado que ao mesmo tempo se identificam com “o clube das ditaduras”.
Esta contradição vê-se, entre vários aspectos, no fato de o wokismo manter como dogma a necessidade de acabar com as empresas extracionistas prejudiciais ao ambiente quando a nação mais predatória do ambiente é a China.17
Por outro lado, fortes reclamações são sentidas pelas Marinhas e corporações de pescadores das costas do continente sul-americano devido à pesca de arrasto totalmente predatória realizada pela China. Apesar disso, as autoridades políticas desses países têm sido tímidas quando se trata de exigir o respeito pela sua soberania marítima.18
Contradição semelhante verifica-se em relação à adesão de vários governos de esquerda latino-americanos à chamada “ideologia de gênero”. Estes governos não hesitam em implementar políticas que favoreçam a transexualidade dos menores, sem limites de idade ou consentimento dos pais.
No entanto, nenhum dos países do Brics incentiva ou permite tais tratamentos chamados “Terapias de Conversão”. Pelo contrário, por diferentes razões, tanto a China, quanto a Rússia e o Irã opõem-se à sua implementação. É o que afirma, entre outras fontes, não suspeitas de serem de direita, a página “gatecenter.org”, uma espécie de centro de pensamento socialista espanhol.19
Estas inconsistências, entre o discurso ultraliberal woke, ao qual aderem os governos de esquerda do Continente e, no sentido oposto, as políticas superestatais de controle interno das suas populações impostas pelas principais nações dos Brics, não deixam de mostrar quão frágil pode ser a aliança entre eles.
Estas circunstâncias levam a supor que, embora tais alianças representem uma ameaça, possuem vários fatores que podem transformá-las num “gigante com pés de barro”.
Sem dúvida, a maior contradição entre os principais países dos Brics e as nações latino-americanas é que, com exceção do Brasil, todas essas nações do Brics são pagãs ou refratárias a qualquer influência católica.
No sentido contrário, basta visitar as nações do nosso continente para perceber o quanto ainda se justifica a expressão de que ainda é “o Continente da Esperança".