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| MATÉRIA DE CAPA (III) | (continuação)

Analistas consideraram a frase como “simples provocação”, “nada de muito sério2”. Por quanto tempo a opinião conservadora e cristã suportará afrontas assim? Além do amargor causado em boa parte dos brasileiros, a provocação prenunciava fortes chuvas, incêndios e fumaça que cobririam o horizonte do País.

Em se tratando de provocação, nada mais eloquente do que o espetáculo blasfemo e pornográfico da cantora “Madonna”, ocorrido no Rio de Janeiro, em 4 de maio. Ao mesmo tempo que transcorria, na Praia de Copacabana, o insulto explícito ao sentimento religioso da maioria dos brasileiros, o Rio Grande do Sul era inundado pelas enchentes. A maior rede de televisão do País lidou mal com a situação: apesar das calamidades no Sul, deu preferência à exibição dos saracoteios insanos e imorais da artista americana3.

Enquanto uns se afundavam no pecado na capital fluminense, 182 pessoas morriam afogadas e outros 2 milhões eram afetados pelos alagamentos. Inúmeras vozes se ergueram para cogitar se teria sido possível evitar ou diminuir a catástrofe gaúcha. Sem entrar em detalhes dessa ampla discussão, um pequeno aspecto aponta para um culpado bem conhecido: o ecologismo radical. Dragagens preventivas nos rios (em especial no Rio Guaíba) teriam garantido mais espaço para a água escoar, mas isso não é executado porque “sempre se justifica propósitos ambientais”, diz o deputado estadual, Marcus Vinícius (PP-RS)4.

Estiagem, incêndios e fumaça

A seca de meados do ano foi violenta, batendo recordes de estiagem em várias regiões. Uma boa metáfora para o desprestígio crescente do lulo-petismo. No dia 1º de maio, Lula encabeçou um comício esvaziado em São Paulo, com a participação de menos de 2 mil pessoas. Lula sentiu a “secura” e “pediu água”, reclamando sobre a falta de engajamento da militância5. Ricardo Patah, um dos organizadores, afirmou: “Temos que fazer um mea culpa de nossa incapacidade de levar mais gente”, e acrescentou que há “dificuldade de interlocução com jovens6”.

Com a seca, vieram as queimadas. Cenas de labaredas gigantes à margem das rodovias de todo o País percorreram as redes sociais. Curiosamente, desta vez as tubas da grande mídia nacional e internacional não se lembraram de culpar o atual governo pelas queimadas, como haviam feito durante a gestão Bolsonaro, quando incidentes semelhantes tomaram o noticiário. Pelo contrário, houve quem apontasse como principais responsáveis, pasme-se, os agricultores7.

Um fato estranho, mas revelador da desorientação geral: o Ministro Flávio Dino, ele mesmo, o “queridinho comunista” de Lula no STF, mandou o governo atuar de modo mais eficiente para combater os incêndios8.

Assim, a Corte Suprema do País assume as funções de um Poder Executivo cada vez mais inepto. Alguém duvida que algo vai mal nas instituições da República? Vem bem a propósito o comentário de Eliane Cantanhê de: “Amazônia, Cerrado e Pantanal estão em chamas [...] Sem recuperar o protagonismo nas questões internacionais e ambientais e insistindo em estatismo e aparelhamento na Petrobras, fundos de pensão, agências reguladoras, Lula faz o oposto do que pretendia: não repete os acertos nem deixa os erros no passado9”. Os supostos “acertos” de Lula são por conta da articulista. Sabemos do que se trata: avanço da agenda esquerdista e economia submetida ao socialismo estatal, que conduzem inevitavelmente à bancarrota.

Com a estiagem prolongada, a Capital Federal assemelhava-se a um deserto no início de setembro, e a desolação patenteou-se ainda mais quando do desfile do Dia da Independência. O cenário de 2023 se repete: a Esplanada dos Ministérios praticamente vazia e um punhado irrisório de petistas. Lula achou por bem — quem sabe se para dar um pouco de ânimo à comemoração — colocar no palanque dois Ministros do STF: Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Este último vai assumindo um protagonismo constrangedor10, segundo comenta Carlos Alberto Di Franco: “A destruição da ordem jurídica, que no Brasil de hoje é visível a olho nu, está sendo causada pelo excessivo protagonismo de um ministro do Supremo Tribunal Federal: Alexandre de Moraes11”. Mais adiante, acrescenta o mesmo articulista: “A crise de credibilidade do Judiciário é acelerada e preocupante. Seu desprestígio na sociedade precisa ser revertido”.

Ao mesmo tempo em que as queimadas se alastravam, as eleições municipais de 2024 entravam na “onda de calor”. E as chamas parecem ter invadido todos os quadrantes da esquerda! Não há como esconder sua estrondosa derrota. Os dados antecedentes ao pleito já indicavam a fumaça tóxica nas paragens esquerdistas: 15% dos municípios brasileiros não tiveram qualquer candidato de esquerda12. Em Santa Catarina, esse número foi de 25%.13

A esquerda venceu em apenas duas capitais: Recife e Fortaleza. Neste quesito, é seu pior resultado desde 198514. Quanto aos municípios em geral, partidos de esquerda e centro-esquerda que em 2020 tinham conquistado 852 prefeituras, agora ficaram com 74915.

Em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) obteve vitória esmagadora sobre Guilherme Boulos (PSOL), com diferença de quase 20 pontos: 59,3% contra 40,6%. Algo bastante sintomático foi o fato de Boulos ter tentado desesperadamente se afastar da “agenda progressista” durante a disputa, encarnando uma nova versão do “Lulinha paz e amor”. Nada funcionou!

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