Intensa batalha cultural agitou a França desde que chegou o que poderíamos chamar, segundo o título da obra ricamente documentada de Atílio Faoro, A Revolução Woke. Para preservar os valores cristãos e tradicionais face a este fenômeno, é essencial compreender em profundidade as suas origens, as suas manifestações e os perigos que representa. É precisamente este o escopo do presente texto.
A eleição de Donald Trump foi vista por muitos analistas como uma rejeição da ideologia progressista e um ponto de viragem global contra o wokismo. Dominique Labarrière escreve em Causeur:
“A vitória de Trump é acima de tudo a derrota, a derrota do wokismo, esta mistura de falsa ciência, de ‘moralina’ mal-ajambrada, de ódio a si mesmo, de desprezo pela verdade”. Acrescenta que essa vitória marca o “crepúsculo dos ídolos” e anuncia o “despertar das legiões do bom senso e da cultura do real, descrevendo este acontecimento como o ‘Ano Um’ de uma reconquista” para o Ocidente.
Hubert Védrine, antigo ministro das relações exteriores, homem de esquerda e observador atento da cena internacional, vê nisso uma “correnteza de fundo visceral, popular no sentido mais amplo, de pessoas que desejam pôr fim ao progressismo. [...] Trump não é uma aberração, mas um fenômeno destinado para durar”. E acentua: “É quase como se uma voz coletiva tivesse se levantado para dizer: Basta!”
O analista do Le Figaro, Renaud Girard, conclui que as posições excessivamente wokistas do Partido Democrata contribuíram para a sua derrota e o geógrafo Christophe Guilluy analisa essa vitória como uma reação ao ostracismo da maioria ordinária silenciada.
Quanto aos católicos americanos, o seu papel é inegável: segundo o Washington Post, 56% deles votaram em Trump, marcando um aumento significativo.
No entanto, ao contrário dos Estados Unidos, o wokismo permanece bem ancorado na Europa e em outros continentes — na América Latina, por exemplo, onde continua a estruturar discursos políticos e culturais de partidos e meios de comunicação esquerdistas.
A palavra “woke”, derivada do verbo inglês to wake up (despertar) tem suas raízes na linguagem informal dos círculos afro-americanos. Inicialmente, denotava uma consciência das injustiças sociais que afetavam esta comunidade. Segundo a
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