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Fechemos este parêntese para tratar de uma consequência direta da teoria crítica da raça: o surgimento de um fenômeno preocupante, o racismo reverso ou o racismo antibranco.

Antirracismo militante leva a soluções grotescas

Vejamos o exemplo da Disney atribuindo o papel de Branca de Neve a uma atriz mestiça, ou o de uma produção inglesa na qual a rainha Ana Bolena — a amante do rei Henrique VIII que foi a causa do cisma da Inglaterra — é interpretada por uma atriz negra. Estas iniciativas, em vez de promoverem a diversidade, provocam debates acalorados e reforçam tensões.

Um péssimo exemplo vem da Universidade Evergreen, no estado de Washington, onde se organiza anualmente o “Dia de Ausência”. Essa iniciativa proíbe o acesso de estudantes e professores brancos ao campus, para que “vivenciem” a exclusão. Bret Weinstein, um professor judeu de esquerda, questionou o evento por e-mail, chamando-o de racismo antibranco. A sua posição desencadeou protestos agressivos, ameaças, desfechando na demissão dele e de sua esposa, também professora.

Em Paris, a União dos Estudantes da França e o sindicato Sud organizaram reuniões “não racialmente mistas”, proibidas aos brancos, provocando controvérsias semelhantes.

A situação se torna ainda mais preocupante quando a própria matemática é considerada uma manifestação de racismo sistêmico. Em Seattle, as escolas públicas incorporaram a matéria da teoria crítica da raça no ensino da matemática, dizendo que a disciplina é “usada para oprimir indivíduos”. De acordo com esta perspectiva, os professores que tratam os erros dos alunos como desacerto reforçam ideias de perfeccionismo e paternalismo — duas ideias comumente associadas à “cultura da supremacia branca”.

Um programa de “matemática equitativa” financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates vai ainda mais longe: “A cultura da supremacia branca emerge nas salas de aula de matemática quando […] a ênfase é colocada em obter a resposta ‘certa’. […] Apoiar a ideia de que há sempre respostas certas e erradas perpetua a objetividade, bem como o medo do conflito aberto”.

O prêmio do ridículo, no entanto, vai para Mathilde Cohen, investigadora do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França e professora da Universidade de Connecticut. Durante teleconferência para a Faculdade de Ciências Política de Paris, ela afirmou:

“A refeição francesa é frequentemente representada como um ritual nacional no qual todos os cidadãos podem participar igualmente, mas, na realidade, os hábitos alimentares são moldados pelas normas brancas da classe média alta.”

Falou da “branquitude alimentar”, acusada de reforçar a dominação branca, citando como prova as cantinas escolares que desde o século XIX impunham padrões “brancos e cristãos”. Acrescentou que durante a colonização a cidadania francesa foi concedida em parte com base nos hábitos alimentares dos requerentes, privilegiando a cozinha francesa em detrimento das culturas locais.

Apesar das críticas, a faculdade defendeu a participação de Mathilde Cohen neste evento, ao declarar: “A nossa universidade acolhe, no quadro do debate científico, a pluralidade das abordagens contemporâneas das ciências humanas e sociais, respeitando ao mesmo tempo o quadro ético da investigação.”

Estes excessos mostram que a teoria crítica da raça distorce completamente a realidade histórica e só consegue criar mais fraturas, em vez de promover a verdadeira justiça e a reconciliação das comunidades.

Feminismo radical

O feminismo radical é fundamentalmente diferente do feminismo liberal original, que procurava eliminar as desigualdades jurídicas, civis e econômicas entre homens e mulheres no quadro da vida cívica. Este primeiro feminismo defendia a partilha equitativa das responsabilidades familiares e o aumento da participação das mulheres na vida pública e econômica.

O feminismo radical, nascido na década de 1970, baseia-se numa análise marxista e estruturalista da “dominação patriarcal”. Extrai seus fundamentos doutrinários da obra A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, de Frederick Engels. Segundo Engels, a “derrota histórica universal do sexo feminino” resulta da privatização das relações conjugais, após o aparecimento da monogamia e do patriarcado, estruturas destinadas a garantir a transmissão da herança. Marx e Engels concluíram que a abolição da família e do casamento deve acompanhar a do capitalismo, cabendo a educação das crianças ao Estado, para formar uma sociedade igualitária e livre de interesses individuais egoístas.

Para Mathilde Cohen, investigadora do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França, “os hábitos alimentares [franceses] são moldados pelas normas brancas da classe média alta”. Em outras palavras “branquitude alimentar”. Página seguinte

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