No dia 2 de junho de 1970, por ocasião de uma cerimônia de incineração dos bilhetes com pedidos e de graças e outras intenções que os devotos depositavam aos pés da imagem, Plinio Corrêa de Oliveira pronunciou um discurso (segue abaixo um breve trecho) para uma multidão de quase 1000 fiéis que ali se aglomeraram juntamente com os cooperadores da TFP portando suas capas rubras e muitos estandartes da entidade.
“No momento em que se procede à incineração dos pedidos endereçados por tantos fiéis a Nossa Senhora da Conceição, neste momento em que simbolicamente sobem aos Céus sob a forma de labaredas e de fumaça os anelos de tantas almas fiéis, neste momento a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, pela voz do Presidente do seu Conselho Nacional, não poderia deixar de dizer uma palavra. Esta palavra é sugerida pela natureza mesma do quadro que vemos diante de nós.
“Uma imagem coroada de espinhos, uma imagem mutilada, uma imagem trazendo em si todos os sinais da devastação — uma imagem coroada de ouro, uma imagem com resplendor de prata, uma imagem cercada de flores, uma imagem tendo aos pés flores de prata e uma flor áurea, uma imagem adornada com tudo aquilo que a piedade dos fiéis costuma usar para exprimir sua veneração, seu amor e sua gratidão.
“Esta antítese entre a devastação de um lado e a glorificação de outro lado, é bem a história deste Oratório que aqui está diante de vossos olhos. Uma bomba o inaugurou, porém mais possante do que a bomba que destrói — que representa o ódio que arrasa, que nega, que procura calcar aos pés tudo quanto há de mais sagrado — é a fé e o poder da construção.
“Onde espinhos fizeram sangrar o Coração Imaculado de Maria, onde o ódio danificou a sagrada imagem que aqui está, onde o estampido derrubou uma pequena coroa de prata que cingia a fronte desta imagem e que não se encontrou mais no meio dos escombros e das ruínas, aí mesmo se abriu um rio de graças.”
Complementando com chave de ouro esta matéria, segue uma oração/meditação feita por Plinio Corrêa de Oliveira em 31 de junho de 1979. Seguem também três de artigos escritos por ele para a “Folha de S. Paulo”, nos quais trata magistralmente desse histórico acontecimento.
* Campanha da TFP contra o IDO-C (Centro Internacional de Informação e Documentação sobre a Igreja Conciliar) e “grupos proféticos”. Movimentos ocultos que trabalharam para implantar uma Igreja nova, dessacralizada e miserabilista, cuja moral nova favorecia o comunismo. O mesmo objetivo comuno-progressista perseguido hoje pela “esquerda católica”. Catolicismo analisou e denunciou esse nefasto e sinistro complô em ampla matéria publicada em número duplo (nº 220-221, abril-maio de 1969), o qual foi largamente difundido por centenas de jovens da TFP. Em 70 dias, eles percorreram 514 cidades de quase todos os estados da Federação e difundiram 165 mil exemplares do citado número de Catolicismo. Conferir em nosso site: https://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0220-221/P01.html
Considero esplêndida esta fotografia, muito bem enquadrada! A fisionomia da imagem de Nossa Senhora do Oratório, atingida pela bomba terrorista, está muito bem apresentada e há nela algo de majestoso, uma segurança de grande Dame.
A coroa de espinhos em torno dela está magnífica, indicando bem um simbolismo, como veremos.
Sempre saio de casa acompanhado de uma guarda. Ficamos sem saber se retornarei íntegro à minha casa, nem se os rapazes que estão constituindo a guarda vão voltar íntegros. Apesar desse perigo, todos vão dormir tão tranquilos como se estivessem, por exemplo, no ano de 1955, absolutamente tranquilo.
É exatamente a surdez à voz de Deus que nos fala pelos acontecimentos. Vamos ver em que sentido isto é voz de Deus anunciando acontecimentos maiores.
Quem moveu os terroristas que jogaram uma bomba de dinamite em nossa sede da Rua Martim Francisco? Foram comunistas.
É o mesmo perigo em vários países. Perigo que sobe como uma maré que ninguém consegue segurar. Temos a previsão de Fátima: o comunismo espalhará seus erros por toda parte. Está previsto desde 1917. E o castigo prometido em Fátima vai ser também um auge da ferocidade que incendiará tudo, dizimará o mundo. O incêndio já começou, as labaredas tocam em nossa pele. Mas é apenas um prenúncio do castigo profetizado por Nossa Senhora.
Devemos tirar a seguinte conclusão: Vem aproximando o castigo e a Providência permite que essas labaredas nos toquem para nos chamar a atenção, para que nos preparemos e nos compenetremos.
A vidinha que levamos todos os dias, com suas preocupações e suas pequenas ambições, não são nada. Vivemos como que enfeitando uma cabine de navio do qual nós vamos descer. Esta cabine é a condição individual de nossa vida. Com as mil preocupações tolas; questões de amor-próprio, de vaidade.
Essas preocupaçõezinhas não nos permitem ouvir a voz de Deus, grandiosa, magnífica, que vai acendendo uma das melhores e maiores manifestações da história.
Seria mais ou menos como se um dos membros da família de Noé, ao pé da Arca, vendo cair as primeiras gotas do dilúvio, estivesse preocupado com o seguinte problema: eu tenho que ver na minha casa um problema de uma coluna que deixei lá e que de repente se abala. Mas, como?! Vai ser destruído tudo pelo castigo do dilúvio! Você vai entrar na arca, mas o que incomoda é a coluna de sua casa?! Vai ser tudo aniquilado!
Eu não teria surpresa de que um ou outro deixou de entrar na Arca porque foi tratar de negócio de última hora. E por quê? Porque não acreditava na chuva que começava a cair. Este é o estado de espírito do homem hodierno.
Então, o que devemos fazer?
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