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| MATÉRIA DE CAPA | (continuação)

— Pedir a Nossa Senhora junto à coroa de espinhos, como Ela está no Oratório, a graça que eu reputo uma das graças mais específicas para se pedir:

Ó Senhora e Mãe, concebida sem pecado original, vós permitistes que uma explosão criminosa tisnasse em vossa imagem a face, arrancasse as mãos e enegrecesse de fuligem o virginal e régio vestuário.

Quisestes assim, que ficasse presente aos meus olhos o prenúncio do castigo anunciado em 1917. Ou seja, que vossa imagem ficasse marcada com o sinal dos primeiros incêndios e das explosões que o comunismo — segundo prenunciastes em Fátima — produzirá por toda parte.

Nessa explosão terrorista, quanto há de simbólico, quanto de profético nesse aspecto trágico de vossa imagem danificada? Quanto deveria comover a um filho ver nesse estado a sua mãe! Como eu quisera que vós vos comovêsseis se assim me visse!

Se nós estivéssemos com as mãos arrancadas pela bomba, todo cheio de marcas do incêndio, com o rosto todo desfigurado, nós suplicaríamos: Tende pena de mim! Com essa disposição, é natural, Ela vai ter pena de mim. Mas sem essa disposição...

Contudo, devemos implorar a Ela: olhai minha frieza, minha indolência, meu otimismo irracional. Tende pena de mim, tão egoísta, tão insensato, tão imprevidente. Tende pena de mim, tão duro para ouvir a voz do vosso profetismo.

O sofrimento, do qual essa imagem é símbolo, Vós o sentísseis em vossa alma durante a vida terrena, quando conhecestes por revelação a ignomínia que hoje impera no mundo, conhecestes o martírio da Igreja, a derrocada da civilização cristã, a fermentação das heresias até no lugar sagrado.

Comunicai-me esta fé no que nos fala a graça dentro da alma, fazei-me inteiramente outro, em uma palavra, convertei-me.

Vós quisestes que fossem mãos de pessoas da TFP que reerguessem vossa Imagem e a tirasse dos escombros da explosão. Fazei de nós aqueles apóstolos dos últimos tempos capazes de, pela graça, reerguer de sua derrota e aflição a Santa Igreja, e assentar sobre o mundo, do qual a Revolução satânica tenha sido derrubada e varrida, o reino de vosso Imaculado Coração.

Cor Sapientiale et Immaculatum Mariae, opus tuum fac (Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, realizai vossa obra).

* * *

Aí está uma meditação sob forma de oração a ser feita diante do Oratório de Nossa Senhora Vítima dos Terroristas, para pedir a Ela que nos mova. Acho que é a oração mais própria para se rezar diante do Oratório.


A bomba, a estrela e o sapo

Plinio Corrêa de Oliveira

Folha de S. Paulo, 25 de junho de 1969

Estas três coisas te sucederam nestes últimos dias, meu caro leitor.

Uma bomba foi atirada contra ti.

Uma estrela luziu com redobrada força em teu firmamento.

Ao alcance de teu ouvido, pudestes notar as rãs que do fundo de seu lamaçal coaxavam mais forte.

* * *

Vamos antes de tudo à bomba. Ela não arrebentou em tua pessoa, leitor, nem em teus haveres. Mas ela te feriu em algo ainda mais precioso. Sim, a bomba de dinamite, que em horas calmas da noite, um braço anônimo depositou em uma das sedes da TFP, estourou em tua dignidade. O estampido enorme que alcançou vários bairros, anunciou a toda a cidade este fato lúgubre: procura-se algemar o Brasil, procura-se algemar-te a ti leitor. Intenta-se fazer de ti, brasileiro independente e cristão, um pobre servo da pior das tiranias, a do terrorismo.

Eis porque o digo: o que valeu à TFP — pergunto — a honra daquela bomba? A convicção, o denodo e a eficácia com que ela se afirmou em 1961-1963 contra a reforma agrária de Jango, com que ela se opôs em seguida ao divórcio, e clamou depois contra a infiltração comunista na Igreja. Pois nenhum outro fato há que possa explicar tal ódio contra nossa entidade.

Ora, se qualquer destas atitudes merece como pena um atentado a bomba, decretado por personagens embuçados no anonimato, igual “castigo” se estende, em rigor de lógica, aos 27 mil agricultores que — fundados em sua consciência cristã — protestaram conosco contra a reforma de Goulart. Ela cabe também aos 1.042.359 brasileiros que, fiéis ao mandamento de Cristo, assinaram nossas listas em favor da indissolubilidade do matrimônio. Ela alcança, por fim, aos 1.600.368 brasileiros que conosco exprimiram a firme e inabalável vontade de ver a Igreja livre da infiltração comunista.

Se estás entre estes sentenciados, não é verdade que os que jogaram esta bomba contra nós quiseram acovardar-te a ti? E, supondo-te capaz de um acovardamento de tua consciência, não é verdade que feriram tua dignidade cristã... à espera do momento em que te firam, nos bens e na vida?

E ainda que não concordaste com nossas várias campanhas, ó leitor, não é bem verdade que teu senso de dignidade protesta inconformado ao ver que conspiradores sem entranhas querem, por esta forma, oprimir milhões de teus irmãos.

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