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| PALAVRA DO SACERDOTE | (continuação)

Como belamente diz o Hino Pascal, que se canta junto do Círio na noite da Vigília de Sábado Santo:

"Moisés libertando os oprimidos/ Prefigurava a nossa libertação. / Somos hoje filhos do novo reino / Que em sua páscoa Cristo inaugurou. / O servo Cordeiro imolado / É Cristo nossa páscoa dos ázimos. / Sua carne oferecida em sacrifício / Realizou em nós o perdão do Pai."

Páscoa da Ressurreição

Voltando à consulta de nossa missivista, vê-se claramente que estão muito enganados os padres que associam a morte de uma pessoa à Páscoa, como se o fim da vida terrena fosse uma libertação do mundo material para passar a uma "terra prometida" de caráter espiritual (o Nirvana?). Certamente o mistério pascal celebrado no Tríduo da Semana Santa tem como ponto culminante a celebração da Ressurreição de Nosso Senhor, pois "se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé", já que nós estaríamos ainda no nosso pecado, como diz São Paulo (1 Cor 15,16). Mas é preciso insistir no fato de que, como canta o hino, "Cristo nossa páscoa foi imolado" e que foi pela sua Paixão e Morte que Ele nos redimiu, fazendo com que a ira de Deus "passasse adiante" e nos aceitasse na terra prometida do Céu.

Para encerrar essas breves considerações, convém relembrar que, desde o começo, os primeiros cristãos tiveram empenho em lembrar a salvação do mundo pela obra redentora de Nosso Senhor mediante a celebração do Tríduo Pascal, que inclui a instituição eucarística na Última Ceia (Quinta-Feira Santa), a Morte na Cruz (Sexta-Feira Santa) e a Ressurreição (Sábado Santo).

Houve, no começo, certa hesitação para fixar a data da celebração da Páscoa. A maior parte da Igreja adotou como festa principal, correspondente à Páscoa judia, o dia da Ressurreição, fixado irrevogavelmente no domingo, dia em que ela se deu. Na província da Ásia, porém, apoiados no Evangelho de São João, continuava-se a celebrar o aniversário da morte de Cristo no 14 Nisan do calendário lunar judeu, que podia cair em qualquer dia da semana e não coincidia quase nunca com a Páscoa do resto da Igreja, resultando duas páscoas com objetos diferentes: a Páscoa da cruz, da Ásia, e a Páscoa da Ressurreição, do resto da Igreja. Enquanto em Antioquia eram aceitas as determinações dos judeus para a fixação do 14 Nisan (celebrando-se a Páscoa no domingo seguinte), em Alexandria e em Roma a data da Páscoa era calculada independentemente dos Judeus e não era jamais fixada antes do equinócio (o momento em que o sol cruza o equador celeste, 20-21 de março). Foi o costume que prevaleceu e que o concílio de Nicéia, do qual se celebra este ano seu 1700º aniversário, consagrou definitivamente, determinando que a Páscoa fosse celebrada no domingo que sesegue à lua cheia após o equinócio.

Aproveitemos estas considerações durante a Semana Santa para aprofundar nossa fé e aumentar nossa gratidão a Nosso Senhor pela sua imolação e pelo seu Preciosíssimo Sangue vertido na Cruz, e também para meditar no papel de Nossa Senhora como Co-Redentora do gênero humano, pela sua maternidade divina e sua plena aceitação do sacrifício de seu Filho.


| INTERNACIONAL-1 |

Transformando a teoria da guerra justa em teoria da rendição justificada

John Hovat

Está na moda citar os ensinamentos da Igreja Católica ao comentar assuntos políticos e política externa. Sua autoridade confere força, certeza e credibilidade às opiniões políticas.

Essas citações estão presentes no debate sobre a guerra de agressão injusta da Rússia contra a Ucrânia. Ao chegar ao seu terceiro ano, autoridades e analistas procuram maneiras de justificar um acordo "realista" em termos longe de serem os ideais.

Recorrendo à teoria da guerra justa

Alguns citam erroneamente a teoria da guerra justa com base em Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. A teoria define as condições pelas quais as nações cristãs podem se envolver em guerras justas.

Cinco condições são geralmente citadas: causa justa, declaração por autoridade legal, boa intenção, exaustão de todas as opções pacíficas e chance razoável de sucesso.

No caso da Ucrânia, a teoria da guerra justa está definitivamente do lado da nação invadida. Ela justifica especialmente o uso da força em legítima defesa contra um agressor. Um país que sofre invasão tem uma causa justa para resistir e revidar.

Direito da Ucrânia de travar uma guerra justa

Poucos ousam discordar que a Ucrânia preenche as condições para resistir à invasão. Com tanques russos avançando em direção de Kiev, os ucranianos tinham todo o direito de se defender. No entanto, alguns analistas agora contestam o direito dessa nação de travar uma guerra justa, dizendo que ela não atende mais à condição de ter uma chance razoável de sucesso. Essa


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