Isidoro nasceu em 560 na cidade espanhola de Cartagena. Filho de Severiano e Teodora, ambos de alta nobreza e virtude, foram seus irmãos São Leandro, que o precedeu na Sé de Sevilha, São Fulgêncio, bispo de Ecija, e Santa Florentina, da qual se diz que governou 40 conventos e mil monjas.
Embora sendo um dos autores mais lidos e plagiados de seu tempo, esse grande Doutor da Igreja não teve um biógrafo contemporâneo. Assim, sua vida, além dos traços gerais conservados pela tradição, tem de ser adivinhada em seus inúmeros escritos.
O certo é que Isidoro era muito inteligente, de memória fabulosa, e muito aplicado ao estudo e à leitura. Em 579, seu irmão Leandro foi nomeado arcebispo de Sevilha. Mas um ano depois ele foi desterrado com seu irmão Fulgêncio, por combaterem a heresia ariana.
Essa perseguição terminou com a morte do ímpio rei Leovigildo. Ariano fanático, ele não recuou em dar a morte a seu próprio filho, Santo Hermenegildo, por ter este se convertido à Igreja Católica. Ascendeu ao trono seu filho Recaredo, que também abjurou a heresia ariana.
Tendo Leandro e Fulgêncio, que haviam sido desterrados, retornado às suas dioceses, Isidoro retirou-se para um mosteiro, onde continuou seus estudos, chegando a dominar inteiramente o latim, o grego e o hebreu. Dedicou-se também a formar uma biblioteca, que dificilmente encontrará similar em toda a Idade Média.
Além de sábio, Isidoro era exímio organizador. Dando-se conta de que a legislação que regulava a vida monástica era falha e obscura em muitos pontos, escreveu para os vários mosteiros da Espanha uma Regla de los Monjes, onde tudo é claro, simples e metódico.
No ano 600, tendo falecido Leandro, Isidoro foi escolhido pelo rei e pelo povo para substituí-lo na Sé de Sevilha, então a principal de toda a Espanha. Como bom pastor, Isidoro "prega ao povo, governa a diocese, reúne concílios — um em 619 e outro em 625 —, promulga sábios decretos para promover a cultura e melhorar os costumes, defende a ortodoxia, converte um bispo oriental, que propagava no sul da Espanha o eutiquianismo, e confunde um prelado godo que se havia levantado à frente de uma reação ariana".(1) Mais ainda: "não poupou nada para exterminar o arianismo, que infestava ainda grande parte de sua diocese; para reformar os costumes dos fiéis, que se tinham corrompido sob o reino dos heréticos; para restabelecer em seu esplendor a disciplina eclesiástica e fazer com que os ofícios da Igreja fossem celebrados com a majestade e a devoção que pedem a grandeza do Deus que neles se honra e louva".(2)
Isidoro era adornado de todas as virtudes: "Eram admiráveis sua humildade, sua caridade, sua benignidade, sua afabilidade e modéstia, sua paciência e mansidão. Era piedosíssimo com os pobres, aprazível com os ricos, forte com os poderosos, devotíssimo na igreja, vigilante na reforma dos costumes, constante na disciplina eclesiástica, suavíssimo para todos, e para si rigoroso e severo".(3)
"As antigas instituições e o ensino clássico do